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Prefeito do Rio, o bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, pediu o recolhimento de ilustração com beijo gay e cancelou peça em que Jesus é representado por um travesti; mas não houve nenhuma menção à obra que satiriza a Virgem Maria.
Prefeito do Rio, o bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, pediu o recolhimento de ilustração com beijo gay e cancelou peça em que Jesus é representado por um travesti; mas não houve nenhuma menção à obra que satiriza a Virgem Maria.| Foto: Reprodução

Depois de recolher um livro juvenil da Bienal do Livro, em setembro do ano passado, por apresentar, em uma página, uma ilustração de dois personagens masculinos se beijando; vetar a polêmica exposição Queermuseu na cidade e cancelar uma peça teatral em que Jesus Cristo era representado por uma travesti, a prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão do bispo licenciado da Igreja Universal Marcelo Crivella, liberou a exposição de uma imagem em que a Virgem Maria é retratada como transexual, com a imagem de um pênis colado na santa.

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O Centro Cultural Hélio Oiticica, administrado pela prefeitura, está recebendo uma exposição, chamada “Cine Desejo”, que retrata “o universo de cinema pornográfico, corpos livres e pessoas que vivem com HIV”. Uma das obras traz, dentro de um oratório, a imagem que causou polêmica: um quebra-cabeças, com a representação de Nossa Senhora com um seio desnudo e um pênis à mostra. A imagem ainda traz a frase “Deus acima de tudo gozando acima de todos”.

A obra, “Todxs xs santxs – renomeado – #eunãosoudespesa” faz parte de uma série que fala sobre o HIV. O artista, o paulista de 25 anos Órion Lalli é soropositivo e militante da causa LGBTI. Ao jornal O Globo, ele disse que não há nenhum interesse de sua parte em atacar nenhuma religião ou a fé, mas que quis usar as imagens para falar sobre corpos, sexo e HIV. “Quero apenas deixar uma reflexão imagética sobre ícones, falar dessas imagens que povoam e atravessam o nosso imaginário e que de certa forma moldam a nossa maneira de pensar”, disse.

Dois deputados estaduais do Rio, Capitão Paulo Teixeira (Republicanos) e Márcio Gualberto (PSL) enviaram ofício a Crivella pedindo a retirada da peça da casa de cultura da prefeitura, mas ainda não obtiveram resposta. Na última quinta-feira (20), representantes da Secretaria Municipal de Cultura visitaram a exposição e alteraram a classificação etária da mostra, de 10 para 16 anos.

“Mais uma vez, estamos diante de um dilema: o cristianismo é escarnecido e eles se escoram na liberdade de expressão. Pergunto se a liberdade de expressão não tem limite. Estamos abrindo brecha para outras aberrações”, disse, Gualberto, à Gazeta. Ele disse não querer acreditar que a crença de Crivella, pelo fato de evangélicos não cultuarem imagens, tenha relação com a postura adotada pela prefeitura neste caso. “Aí sairíamos do campo de uma simples indignação e entraríamos no campo da ideologia. Ainda que o prefeito seja ligado a uma determinada igreja, que critique o uso de imagens, aquela imagem representa a mãe de Jesus. É a mãe de Jesus que está sendo atacada. Você colocar Nossa Senhora com um pênis é uma ofensa gratuita, muito desnecessária, não é arte, é um ataque ao cristianismo”.

Lembrando que se posicionou em defesa dos terreiros de umbanda que foram alvo de ataques no ano passado, no Rio de Janeiro, “deixando a questão doutrinal de lado, para defender essas pessoas e sua liberdade religiosa”, o deputado informou estar entrando, em conjunto com a deputada federal Chris Tonietto (PSL-RJ), com notícia crime na Polícia Civil e no Ministério Público. “Não está em jogo questão doutrinal, mas um fato de interesse de toda a sociedade. Você não pode ser atacado por ser cristão e nem ter sua fé atacada”, conclui.

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