Grupos locais| Foto: Divulgação

Edificação é diferente do projeto original

A atual Rodoferroviária, construída em 1970, é substancialmente diferente da descrita no projeto original do engenheiro civil Rubens Meister, 85 anos, também responsável pela arquitetura do Teatro Guaíra. Segundo ele, a prefeitura acreditava que a Rodoferroviária tinha de ser auto-suficiente e, por isso, alterou o projeto por conta própria, incluindo passarelas e aumentando a área destinada ao comércio.

Meister não era a favor das mudanças e na época chegou a escrever um artigo de protesto em um jornal. A polêmica é descrita no livro "Rubens Meister: vida e arquitetura", de Marcelo Sutil e Salvador Gnoato. A principal preocupação de Meister era que hoje essas mudanças resultassem em um aumento no fluxo de pessoas, o que prejudicaria o conforto dos passageiros.

Rafael Urban

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Daqui vinte meses, o contrato que permite manter a Rodoviária de Curitiba no local em que está, na Avenida Presidente Afonso Camargo, 330, Jardim Botânico, será encerrado. Daí em diante fica a pergunta: para onde ela será transferida? De acordo com o diretor de negócios da Urbs, empresa que administra os equipamentos urbanos de Curitiba, Clodualdo Pinheiro Júnior, a tendência é negociar com o governo federal e tentar deixá-la onde está.

A edificação da rodoviária pertence ao município. Já o terreno onde ela está era da Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA). Em um contrato de comodato assinado em 1969, a Rede cedeu o terreno até março de 2009 para a construção do equipamento urbano pelo município. Terminado o prazo, o espaço teria de ser devolvido. Em janeiro, a RFFSA, entretanto, foi extinta pelo governo federal, que passou a ser o novo dono de seus domínios.

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"O município tem interesse na área da rodoviária. Em tempo oportuno, nós pretendemos negociar com o governo federal este terreno", afirma Pinheiro Júnior. Até pouco tempo, pensava-se em transferir a rodoviária para outros locais ou dividir suas funções. A idéia ainda existe, segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), mas não para ser efetivada agora (veja texto ao lado).

Segundo a Urbs, a rodoviária está hoje em uma área estratégica de cidade e, por isso, deve permanecer lá. Em dias normais, apenas 60% de sua capacidade é utilizada. "Normalmente não temos problemas neste esquipamento, por isso não há demanda para trocar de lugar. Apenas em feriados que a utilização sobe para 100%", diz o diretor.

Reforma

Para que a rodoviária continue atendendo a contento, entretanto, além da negociação com a União para que possa ficar onde está, a edificação deve passar por reforma. Não há um projeto final ainda, apenas idéias que estão sendo discutidas. "No momento oportuno, o prefeito Beto Richa vai anunciar todas as alterações e a nova solução para a rodoviária", afirma Pinheiro Júnior.

O que vem sendo discutido, entretanto, não é apenas a revitalização do equipamento urbano, mas de todo o entorno viário – o que, hoje, é um dos maiores problemas para os usuários. "Queremos melhorar a acessibilidade", afirma Pinheiro Júnior. Uma das idéias que estão sendo estudadas é de que a rodoviária possa ser acessada por outras vias que não apenas a Avenida Afonso Camargo. Um das alternativas seria a Avenida Getúlio Vargas.

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O anteprojeto de revitalização também está em curso e em fase de discussões preliminares. Estuda-se, por exemplo, a reformulação da praça de alimentação, das calçadas, da iluminação e uma nova área de estacionamento logo atrás do prédio. Por outro lado, a idéia de fazer uma passarela que ligaria a rodoviária ao Mercado Municipal, que fica em frente, em princípio, está sendo deixada de lado. Segundo a Urbs, o projeto em estudo valoriza a proposta original da década de 70.