
A prefeitura de Curitiba anunciou ontem o reajuste da tarifa de ônibus. A partir da próxima sexta-feira, o preço vai variar conforme a forma de pagamento: em dinheiro, custará R$ 3,30; no cartão-transporte, R$ 3,15. O aumento, portanto, foi de 15,7% para quem não utiliza o bilhete a terceira passagem mais cara entre as capitais. Mas esse anúncio não põe fim à indefinição sobre a integração tarifária. O governo do estado disse que ainda estuda o valor das linhas metropolitanas.
A notícia do reajuste foi dada no site da prefeitura, mas coube ao presidente da Urbs, Roberto Gregório, falar com a imprensa sobre o segundo aumento imposto aos usuários em menos de quatro meses em novembro a tarifa passou de R$ 2,70 para R$ 2,85.
"O prefeito determinou que estabelecessemos uma tarifa o menos pesada possível para o bolso do trabalhador. Esperamos que todos entendam o momento difícil que passamos. A alta nos custos acaba refletida na tarifa", disse Gregório.
O presidente da Urbs disse que a ideia é manter a operação como está, ou seja, integrada, mas separar financeiramente as linhas urbanas das metropolitanas. A ideia é que todo o valor arrecadado com cartão nas linhas metropolitanas seja depositado em uma conta informada pela Comec para que o órgão estadual faça o repasse às empresas. As tarifas pagas em dinheiro vão direto para as empresas.
Mas a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) não vê essa proposta como a solução. "O prefeito foi claro que esse anúncio se refere às linhas urbanas. E não vamos informar 'conta' porque a operação era da Urbs. Temos estudos em andamento, junto às empresas e aos prefeitos. Até que eles sejam concluídos, o passageiro metropolitano deve continuar pagando R$ 2,85. Não vamos antecipar o processo", disse o diretor-presidente da Comec, Omar Akel.
Na greve do mês passado, o governo estadual repassou R$ 5 milhões para que as empresas do setor depositassem os vales atrasados dos funcionários. Desse montante, R$ 2 milhões foram diretamente para as empresas justamente para pagar a operação metropolitana. O restante passou antes pelo Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), que é administrado pela Urbs, para abater parte da dívida do estado com os subsídios do último trimestre de 2014. A dívida total era de R$ 16,5 milhões, segundo a prefeitura. Dias antes, havia sido o município o responsável por socorrer o sistema com R$ 3,8 milhões.
Para o estado, eventuais déficits do transporte metropolitano têm de ser divididos com a prefeitura de Curitiba porque a capital, como polo metropolitano, também se beneficia com a vinda diária de moradores da RMC para trabalhar e estudar além de ter moradores que fazem o caminho contrário. A gestão municipal, por sua vez, rechaça arcar com custos metropolitanos.
Colaboraram Fernanda Trisotto, Gabriel Azevedo, Diego Ribeiro e Bruna Komarchesqui
Carga do cartão com valor antigo valerá por mais 30 dias apenas
Fernanda Trisotto
Quando há anúncio de reajuste da tarifa do transporte coletivo é comum haver uma corrida aos postos de compras para que o usuário faça um 'estoque' de passagens pagando o valor antigo. No entanto, o usuário de ônibus deve ficar atento para o valor que vai carregar. O poder de compra com a tarifa antiga só vale por um período de 30 dias, contando a partir da data do reajuste.
Desse modo, até o dia 5 de março, as passagens compradas no cartão antes do reajuste, que passa a valer a partir de zero hora de sexta-feira, 6 de fevereiro, vão continuar sendo descontadas no valor de R$ 2,85. A partir do dia 6 de março, passará a ser debitado do saldo do cartão a tarifa nova, fixada em R$ 3,15, mesmo que a compra de crédito tenha sido realizada antes do reajuste.
Poder de compra
Atualmente, se um usuário quiser carregar o cartão-transporte com dinheiro suficiente para andar 60 vezes de ônibus em um mês (sem considerar o preço da tarifa domingueira), ele vai desembolsar R$ 171. Com esse mesmo valor em dinheiro, mas considerando a nova tarifa de R$ 3,15, ele poderá andar de ônibus 54 vezes e terá um saldo de R$ 0,90 centavos no cartão.
Desde novembro de 2014, a contagem de créditos no cartão-transporte usado na Rede Integrada de Transporte (RIT) não é mais feita pela quantidade de viagens, mas sim pelo valor em dinheiro. A medida foi adotada para permitir os descontos da linha Circular Centro (que passa de R$ 1,80 para R$ 2) e da tarifa domingueira, que continuará em R$ 1,50, segundo a prefeitura.
Subsídio
Segundo a prefeitura, o reajuste permite que o município assuma integralmente o subsídio das linhas urbanas, que será de R$ 2 milhões/mês. O subsídio do governo estadual para as linhas metropolitanas passaria de R$ 7,5 milhões/mês para cerca de R$ 7 milhões/mês. Em novembro e dezembro de 2014, porém, o estado já tinha pagado menos R$ 6 milhões por causa do reajuste da tarifa de novembro.
Pode isso?
Ontem, o painel eletrônico dos tubos trazia a frase: "O aumento da tarifa é um esforço da prefeitura de Curitiba para manter a integração."