A greve iniciada na última quarta-feira por trabalhadores do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana chega hoje ao terceiro dia. A audiência conciliatória realizada ontem, no Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª região (TRT-9.ª), chegou a ser suspensa para a próxima quinta-feira, depois do feriado de carnaval, mas decisão foi revertida por um recurso da Prefeitura de Curitiba.
O recurso por motivado pelo flagrante de uma obstrução ao terminal do Pinheirinho pelas câmeras da Urbs. Grevistas cercaram o local com alguns ônibus e abandonaram os veículos. A ação motivou um recurso da administração municipal ao plantão judiciário do TRT-9.ª, pedindo a suspensão da greve e uma nova audiência de negociação para esta sexta-feira. Antes das 23 horas, a magistrada Ana Carolina Zaina, a mesma que tem intermediado as negociações entre trabalhadores e patrões, aceitou o pedido de uma nova audiência, mas não acatou a solicitação de suspensão da greve.
Histórico
A audiência de ontem avançou em relação às propostas patronal e dos empregados, mas de forma insuficiente para que as partes colocassem fim à greve. Pelos empregados, houve um recuou da pedida inicial que era 16% de ganho real para motoristas e 22% para cobradores. Eles aceitaram proposta de Ana Carolina para que o reajuste fosse de 10,5% para ambas as categorias ontem ela reduziu para 7,5%.
Já os empregadores avançaram de 5,26% índice equivalente à inflação acumulada para 7,26%. Essa nova proposta foi rejeitada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc). Esse índice elevaria os salários dos cobradores de R$ 940 para R$ 1.009 e dos motoristas de 1.660 para 1.781.
De acordo com a Urbs, a proposta dos empregados para reajuste de 10,5% elevaria a tarifa técnica da Rede Integrada de Transportes (RIT) dos atuais 2,9353 para 3,2586. Mantida a tarifa atual cobrada do usuário (R$ 2,70), a empresa diz que esse reajuste representaria um déficit mensal de 13,9 milhões ao sistema sendo R$ 7,9 milhões do transporte metropolitano.
De acordo com a desembargadora Ana Carolina Zaina, a próxima audiência foi marcada apenas para a quinta-feira em função de um pedido das partes para que tivessem mais tempo para "refletir" sobre as novas propostas.
Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, disse que a manutenção da greve é responsabilidade do sindicato patronal. "Os trabalhadores entenderam que a proposta do juízo contempla alguns dos anseios da categoria e poderia resolver esse impasse. Mas o sindicato patronal se tornou irredutível e nem no posicionamento da juíza conseguiu chegar. Não temos vontade de continuar em greve, queremos chegar a uma solução".
Carlos Roberto Ribas Santiago, advogado do Setransp, disse que estava frustrado por não ter avançado. "Como iríamos negociar se o limite colocado pelos trabalhadores foi de 10,5% e eles se mostraram irredutíveis em baixar?", indagou.