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Prefeituras unem forças para tentar tirar o pó de um antigo problema

Maquinário do programa Patrulha no Campo deve atender mais de 200 municípios paranaenses | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Maquinário do programa Patrulha no Campo deve atender mais de 200 municípios paranaenses (Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo)
Dona Jesuvina: barro e poeira |

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Dona Jesuvina: barro e poeira

Moradores que vivem às margens dos quase 97 mil quilômetros de malha viária sem asfalto em todo o Paraná sofrem com o barro, a poeira e os buracos das estradas rurais. Nos Campos Gerais, cidades como Palmeira, Ponta Grossa e Porto Amazonas – que juntas somam cerca de 5 mil quilômetros de estradas rurais – se uniram em um consórcio intermunicipal para melhorar as condições dessas vias.

O Consórcio Rota dos Campos Gerais faz parte do programa do governo estadual Patrulha no Campo, que disponibiliza patrulhas com 13 máquinas – entre tratores, caminhões, escavadeiras e motoniveladoras – aos administradores municipais que pretendem sanar um problema recorrente: a readequação e a manutenção das estradas rurais. Das estradas sem pavimento no Paraná, mais de 98% (cerca de 95 mil km) são de responsabilidade dos municípios, os outros 2% estão sob os cuidados do estado (aproximadamente 1,7 mil km) e do governo federal (70 km).

A recuperação das estradas deve ser realizada de forma emergencial. "Vamos trabalhar em pontos que atingem o escoamento de produtos, acesso a escolas e ao turismo", diz o secretário de Agricultura e Abastecimento de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Neto.

O Programa Patrulha no Campo prevê a atuação em todos os municípios paranaenses, a partir da organização em consórcios intermunicipais (de 5 a 8 municípios cada consórcio). Segundo o coordenador estadual do programa, Jair Vendrúscolo, para a primeira fase do programa estão sendo implantadas 30 patrulhas mecanizadas no estado, que devem atender mais de 200 municípios. Para a segunda etapa, o governo prevê a instalação de outras 30 patrulhas, viabilizadas através do programa Pró-Rural ou em parcerias com a Alcoopar.

Mão de obra

Além de se organizarem em consórcios, os municípios precisam dispor de mão de obra e combustível para as máquinas. No caso das três cidades dos Campos Gerais, o próprio consórcio deverá contratar o efetivo necessário para trabalhar na readequação das estradas. Já o óleo diesel usado nas patrulhas deve ficar a cargo de cada administração. "A manutenção com o diesel já está prevista no custeio", garantiu o secretário de Planejamento de Palmeira, Marcos Lewandoski.

A capacitação do efetivo fica por conta do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná. Segundo assessoria de imprensa, a estimativa é capacitar mais 600 pessoas, para operarem os maquinários, além das equipes de apoio. Os treinamentos são práticos com a presença de um técnico do DER e também da empresa contratada para fornecer o maquinário. Cada equipe tem, em média, 20 pessoas, sendo 15 para dirigir as máquinas e 5 no trabalho de apoio.

Sete décadas de barro e poeira

Dona Jesuvina Ferreira de Lara, 69 anos, caminha pela mesma estrada onde viu o marido abrir caminho, com uma picareta, há cerca de 30 anos, para que o corpo do pai pudesse chegar para o velório. A comerciante coleciona histórias e percalços passados pela falta de conservação das estradas rurais do trecho em que vive.

Quando chove, o problema é o barro. Se faz sol, a poeira castiga. Há 69 anos, essa é a rotina da comerciante, que mora no bairro Conceição, zona rural do Distrito de Itaiacoca, em Ponta Grossa. Em sete décadas, ela vive com a esperança de ver cumprida a promessa de receber asfalto na estrada principal, de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná.

Hoje, embora a situação da estrada rural tenha melhorado, Jesuvina revela que o sofrimento continua. "Quando chove, tudo para: o comércio, a escola. Quando faz sol, a poeira toma conta", resume.

Nascida e criada na região, Jesuvina, herdou da família as terras onde vive. A viúva, mãe de quatro filhos lembra que foram muitas as vezes em que o esposo teve que usar ferramentas para abrir a estrada e desatolar carros.

Segundo ela, a situação se agrava porque os moradores não têm telefone e nenhuma outra forma de comunicar com a cidade. "Se alguém passar mal, não temos como pedir ajuda. O único jeito é levar o doente no carro próprio", denuncia.

O mesmo problema vive o aposentado Miro Shafranski, 60 anos. À beira da estrada com seus cachorros amarrados em uma corda, o homem reclama das condições da estrada e da postura política. "Em época de eleição enche de gente prometendo as coisas. Eles prometem, mas nunca cumprem".

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