Ilhota - Enquanto geólogos não dão uma resposta se a região mais crítica de Santa Catarina, o Morro do Baú, na área rural de Ilhota, pode voltar a ser ocupada, governo do estado, prefeitura e moradores dizem estar de braços atados. Produtores rurais reclamam que não podem retomar a produção e estimam um prejuízo provocado pela chuva de R$ 42 milhões com a produção de arroz e banana. O valor é quase três vezes maior que o orçamento de Ilhota para 2009 (R$ 15,8 milhões).
A necessidade de uma resposta foi o tema principal da reunião do governador Luiz Henrique da Silveira com moradores desabrigados do Morro do Baú, realizada ontem. "A liberação tem que ser feita logo, para o sim ou para o não. Não podemos ficar um mês esperando", disse o governador. Máquinas da Secretaria de Estado da Agricultura do Paraná foram postas à disposição dos moradores do Morro do Baú, mas tiveram de ser enviadas para outros municípios devido à falta de uma posição dos geólogos.
Em Ilhota, 70% da área produtiva de banana e arroz foi perdida, o que equivale a 2,7 mil hectares da cultura do arroz e 540 hectares de banana, segundo levantamento das Cooperativas de crédito rural com interação solidária (Cresol). O setor agropecuário representa 22% do valor adicionado de ICMS no município. "Mas não podemos ir além do que os técnicos nos permitem. As pessoas cobram acesso, mas seria o mesmo que abrir uma ratoeira", afirma o secretário municipal da agricultura e meio ambiente, Almir César Paul.
A presidente da Associação dos Bananicultores do município de Ilhota, Tatiana Reichert, pediu urgência na resposta para liberação das áreas. Os rizicultores solicitaram a anistia do custeio da safra de 2008 e 2009 e créditos especiais para subsistência e para restabelecimento da propriedade. O governador confirmou que a Secretaria Estadual de Agricultura dará o crédito especial a fundo perdido para a subsistência dos produtores. Já o pedido de pagamento de dívidas de investimento em 20 anos será repassado ao governo federal. Ficou acertada nova reunião para hoje, às 14 horas.
Em análise
A Coordenadoria Geral de Operações Aéreas da Defesa Civil, o Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina, a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica e os Institutos de Pesquisas Tecnológicas e Geológico, estão analisando a liberação parcial e gradativa das áreas de risco, localizadas no complexo do Baú. A Defesa Civil diz que os locais serão avaliados conforme condições de solo e de tempo para possível liberação. Em caso de chuva, a operação pode ser suspensa nessas regiões.