Temperatura de 34 graus, nenhuma nuvem no céu e nem sinal de chuva. O cenário pode ser ideal para quem está curtindo férias nas praias, mas é extremamente desolador para quem mora no campo. De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), nem mesmo as chuvas da semana passada amenizaram o problema da quebra nas safras de milho, de soja e feijão no estado. Os prejuízos podem superar os R$ 1,3 bilhão.
Nos últimos quinze dias, a Defesa Civil recebeu em média um pedido por dia de decretação de estado de emergência em função da estiagem. As prefeituras esperam a homologação, para que os agricultores recebam ajuda governamental para refinancar as dívidas. Estão em análise na Defesa Civil os pedidos das cidades de Realeza, Chopinzinho, Marmeleiro, São João, Planalto, Bom Jesus do Sul, Salgado Filho, Barracão, Santa Izabel do Oeste, Coronel Vivida, Enéas Marques, Manfrinópolis, Verê, Salto do Lontra e Pranchita. Os prefeitos de Mercedes e de Marechal Cândido Rondon também já publicaram decretos e na próxima semana, Foz do Iguaçu e Nova Santa Rosa devem seguir o mesmo passo.
Lino Fontana, agricultor há 30 anos, perdeu praticamente toda a safra de soja plantada em sua propriedade de 90 alqueires. Alguns poucos grãos foram colhidos para satisfazer o programa Pro-Agro. "Colhi 15 sacas por alqueire, quando a média é de 125 sacas. Foi o pior desempenho em 20 anos que estou em Foz do Iguaçu", lamentou. Agora, ele reza para a chuva vir e salvar a safrinha de milho.
Segundo o secretário de Agricultura de Foz, Edson Mezzomo, a perda global de soja, maior produto da região rural com 16 mil hectares, foi de 20% da produção. A situação é ainda pior nas cidades de Marechal Cândido Rondon e Mercedes, onde a quebra da safra de soja pode ser superior a 50%. No município de Mercedes, a quebra da safra já está refletindo no comércio local. O prefeito Vilson Schwantes conta que recebeu da associação comercial números indicando que a estiagem já provocou uma queda de 37% no comércio local. Ele disse que tomou a decisão de instituir o estado de emergência pelo segundo ano consecutivo após receber relatórios de cooperativas, do Deral e da Emater sobre a quebra na safra.