Delegado Marcos Eduardo Cabello mostra os documentos apreendidos durante a Operação Manjedoura| Foto: Jonathan Campos - Gazeta do Povo

Dois médicos foram presos suspeitos de integrarem a quadrilha

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Dezenove pessoas foram presas nesta quarta-feira (26) acusadas de integrar uma quadrilha especializada em fraudes ao sistema previdenciário e que já teria causado mais de R$ 11 milhões em prejuízos aos cofres públicos. A Polícia Federal (PF) de Curitiba, responsável pelas prisões, encerrou a operação na tarde desta quarta, com a prisão dos últimos dois suspeitos.

Conforme apontaram as investigações, o grupo agia desde 2001 e era responsável pela intermediação de benefícios para segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). "O grupo induzia ao erro médicos peritos do órgão, de modo a garantir auxílios-doença e até aposentadorias por invalidez a pessoas absolutamente saudáveis", explica o agente Marcos Koren, chefe de Comunicação Social da PF no Paraná. "Para isso, a quadrilha contava com a participação de psiquiatras, que forneciam atestados que declaravam distúrbios inexistentes", detalha. O bando contava inclusive com um escritório, localizado no bairro Santa Felicidade.

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Dos 19 mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Federal Criminal de Curitiba, 17 são contra beneficiários de forma ilegal, sendo sete de uma mesma família, e dois contra médicos psiquiatras. Além das prisões, a Justiça decretou a o sequestro de veículos e o arresto de um imóvel que pertence aos acusados, bem como o cancelamento dos benefícios fraudulentos. Buscas a outros elementos que possam servir como prova foram realizadas em residências e consultórios da cidade.

Segundo a PF, a investigação partiu de uma denúncia ao Ministério da Previdência Social. O delegado Marcos Eduardo Cabello contou que o que causou estranheza foi o fato de doenças consideradas raras, como a esquizofrenia, aparecerem constantemente em pedidos de benefícios. Além disso, segundo a PF, diversas solicitações traziam o mesmo endereço, que seria de um dos integrantes da quadrilha.

Há suspeitas de que, ao todo, aproximadamente mil benefícios tenham sido concedidos de forma irregular. Todos os pagamentos estão suspensos e passarão por revisão. Os presos serão indiciados por estelionato e formação de quadrilha, crimes sujeitos a penas de até oito anos de reclusão.

Esquema semelhante

Em dezembro de 2008, cinco pessoas foram presas, também em Curitiba, acusadas de integrar uma quadrilha que fraudava benefícios de auxílio-doença previdenciário de forma semelhante ao bando alvo de mandados nesta quarta-feira. O grupo agia havia quatro anos e, de acordo com estimativa da PF, já havia causado prejuízos de mais de R$ 8 milhões aos cofres públicos. Por intermediar os benefícios, para cerca de quatro mil clientes, a quadrilha recebia parte desses auxílios recebidos.

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Alguns dos clientes do grupo tinham, de fato, incapacidade de trabalhar. Caso o trabalhador fosse saudável, era montado um processo de solicitação do benefício, baseado em atestados médicos e outros documentos fraudados. Para isso, a quadrilha contava com a participação de um médico, clínico geral, que fornecia os falsos laudos.

Para passar pela perícia do INSS, os intermediários instruíam os segurados sobre o modo de agir e como se comportar durante os exames periciais, simulando doenças, na maior parte dos casos relacionadas a distúrbios psiquiátricos, e induzindo a erro os médicos peritos previdenciários. Assim podiam receber o auxílio-doença sem que apresentassem incapacidade para o exercício de suas atividades trabalhistas.