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A Polícia Civil de Minas Gerais realizou, nesta segunda-feira, 24, diligências na cidade mineira de Teófilo Otoni e no Guarujá, no litoral paulista, para apreender bens e documentos de integrantes de uma organização criminosa especializada em fraudar vestibulares de medicina e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os membros da quadrilha negociavam vagas nas faculdades a um custo que variava de R$ 70 mil a R$ 200 mil.

A ação é resultado da Operação Hemostase II, em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais que, no neste domingo, 23, prendeu 33 pessoas suspeitas de fraudar o vestibular de medicina na faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, localizada em Belo Horizonte.

O trabalho de investigação ocorre há oito meses e os agentes reuniram como provas cadernos de exames do Enem, gabaritos e comprovantes de depósitos.

Os dois suspeitos de liderar a quadrilha são os mineiros Áureo Moura Ferreira, que mora em Teófilo Otoni, na região do Vale do Mucuri, e Carlos Roberto Leite Lobo, empresário que reside no Guarujá. Ambos foram presos na capital mineira, no domingo, data do exame na faculdade de Ciências Médicas. Eles acompanhavam os trabalhos dos demais suspeitos de integrar a quadrilha como um policial civil, lotado em Governador Valadares, no leste de Minas, que estava em um dos carros da quadrilha.

O policial civil dava suporte a dois médicos residentes, que também foram presos, apontados por serem responsáveis por fazer as provas e entregar o gabarito para que as respostas fossem repassadas, por meio de aparelhos de comunicação, aos candidatos. Ao todo foram presos 11 membros da organização além de 22 candidatos que seriam beneficiados pela fraude. Segundo o Superintendente de Investigação e Polícia Judiciária, delegado Jeferson Botelho, a quadrilha adquiriu micropontos eletrônicos e um moderno sistema de transmissão de dados, importados da China, a um custo de US$ 200 mil. "Eles cobravam dos candidatos cerca de R$ 100 mil para fornecer o gabarito", disse o delegado.

No final da manhã desta segunda-feira, 24, os candidatos detidos no domingo começaram a ser liberados da sede de uma promotoria em Belo Horizonte, no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul, onde prestaram depoimentos desde a madrugada. Já os acusados de liderar a organização tiveram o pedido de prisão temporária decretado por cinco dias. O advogado Délio Granda, que representa os suspeitos de comandar o esquema, informou que aguarda decisão para saber se haverá pedido de prisão preventiva. "Pode acontecer, já que eles são apontados como supostos chefe da situação", disse.

Na casa de Áureo Moura Ferreira, em Teófilo Otoni, a polícia apreendeu dois carros e uma moto importados, aparelhos eletrônicos de escuta, computadores e documentos. No Guarujá, na casa de Carlos Roberto Leite Lobo, foram apreendidos aparelhos de escuta e provas de vestibulares. Os integrantes da organização podem responder por formação de quadrilha e fraude. Já os candidatos envolvidos no esquema, por fraude. A direção da faculdade de Ciências Médicas ainda não se pronunciou sobre o caso.

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