Fronteira
Carros das vítimas eram trocados por droga em Foz do Iguaçu
Automóveis das vítimas dos assaltos normalmente eram usados como moeda de troca em Foz do Iguaçu. O veículo era "vendido" por droga, que por sua vez era distribuída em festas e para pequenos traficantes.
Depois de levar o carro, o grupo abandonava o veículo em um local predeterminado. O objetivo era verificar se o carro, durante um período, não era rastreado. Caso não fosse, um adolescente era enviado no local. Se fosse preso, seria um apenas um "boi de piranha", segundo a polícia. A DFR conseguiu recuperar 20 carros roubados nos quatro meses de investigação.
"Reis do camarote"
Um dos expedientes adotados pela DRF para conseguir mais informações durante a investigação do caso foi a infiltração de agentes. Vários policiais frequentavam as mesmas casas noturnas que os suspeitos. Nestes estabelecimentos, eles se apresentavam e conversavam muito com pessoas que estavam em camarotes. A última infiltração foi feita na festa rave onde ocorreram as prisões, em São José dos Pinhais. Após conversar durante horas com amigos dos suspeitos e com os próprios acusados, a polícia deu voz de prisão a todos. Cerca de 20 policiais estiveram no local para realizar a prisão de oito integrantes do grupo.
Quatorze suspeitos detidos nos últimos três dias em uma operação da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba (DFR) seriam responsáveis por todos os assaltos a residências de alto padrão ocorridos em Curitiba nos últimos dois meses. Foram pelo menos 20 roubos neste período, segundo a Polícia Civil. O prejuízo estimado contabilizado pelas vítimas chega a R$ 2 milhões.
A média era de dois assaltos por semana. Dez pessoas foram presas e quatro adolescentes, apreendidos. A Gazeta do Povo teve acesso a informações exclusivas da investigação. Oito deles foram detidos em uma festa rave, no último fim de semana, na entrada de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. Os outros foram presos na manhã de ontem. A investigação durou quatro meses.
Além de assaltar casas, o grupo articulava roubos de carros e traficava drogas em casas noturnas da capital pagando até R$ 200 a entrada onde vendiam ecstasy e LSD. "O público alvo eram jovens de classe média e classe alta que frequentam as casas mais caras da cidade", disse o titular da DFR, delegado Francisco Caricati.
Organização
Os acusados tinham um convívio próximo, segundo a polícia. Eles moravam no Jardim Gabineto, no Campo Comprido, em Curitiba.
Com o dinheiro dos roubos e do tráfico de drogas, gastavam muito nas baladas e ostentavam joias e carros de luxo. Um veículo Golf blindado foi apreendido com Ricardo Carazzai, 23 anos, apontado como um dos principais integrantes da quadrilha. Ele nega os crimes e afirma ser apenas um ourives que comprou o carro blindado em uma boa oportunidade de negócio.
Segundo a polícia, o grupo mantinha um esquema muito organizado para cometer os assaltos. Primeiro, eram articuladas as rondas em bairros de alto padrão. Identificada a região, ficavam de plantão para conhecer a rotina das vítimas, muitas vezes utilizando prestadores de serviço disfarçados. Depois de descobrir como as vítimas viviam, os criminosos faziam a abordagem na entrada das casas. Todos os demais presos também negam fazer parte do esquema criminoso.
Mossunguê
A quadrilha é acusada de ter matado o médico neurocirurgião Paulo Carboni Junior, de 54 anos, no bairro Mossunguê, em Curitiba, durante um assalto à casa dele, em fevereiro deste ano. Carboni e a família foram surpreendidos por três homens armados, que entraram na residência para efetuar o roubo. Eles também são suspeitos de terem assaltado as residências de um delegado da Polícia Civil, de um promotor de Justiça, de um desembargador e de um juiz federal.
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