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Reserva

Presidente da Câmara confessa ter matado adversário político

Atualizado às 16h19

O presidente da Câmara Municipal de Reserva, região central do Paraná, Flavio Hornung Neto (PMDB) confessou na manhã desta segunda-feira que matou a tiros o presidente do PC do B da cidade Nelson Renato Vosniak, 32 anos, na noite do último domingo (15). Vosniak estava com outras duas pessoas no carro quando foi alvejado e morto na hora. No mesmo domingo do assassinato, a Gazeta do Povo trazia reportagem sobre o PC do B no município de Reserva.

Segundo o delegado Walace Brito, que investiga o assassinato, Neto se apresentou espontaneamente, por volta de 10h, levando a arma do crime e, como justificativa dos disparos, disse que há muito tempo vinha sendo ofendido e perseguido por Nelson e os outros que estavam no carro", contou o delegado. A arma estava no nome de Neto, mas o documento de porte estava irregular em virtude da mudança na legislação.

DepoimentoNa versão de Neto, ele foi perseguido e só atirou porque viu uma das pessoas no carro manuseando uma arma "e por medo de ser morto, atirou primeiro". No depoimento o presidente da Câmara diz estar arrependido. Questionado sobre a existência da arma no carro onde estava Vosniak, o delegado diz que viu o revólver, mas não mexeu para não atrapalhar o trabalho da perícia.

Revolta

Depois de prestar depoimento, Neto foi liberado, o que provocou a revolta de políticos locais, que não se conformam com o crime. O delegado afirmou que, como não foi flagrante, Neto foi liberado, mas que a qualquer momento pode ser decretada a prisão preventiva do presidente da Câmara.

O presidente estadual do PC do B, Milton Alves, afirmou que Vosniak constantemente em conversas manifestava preocupação quanto à sua segurança porque, falava ele, "as disputas em Reserva são muito pessoais". Mas, de acordo com Alves, ele nunca teria tomado uma providência por não acreditar em uma medida extrema.

Vítimas

De acordo com a polícia, além de Vosniak, outras duas pessoas estavam no carro, no centro da cidade, quando foram atingidas pelos tiros. Giovani Pinto, que trabalhava com o presidente local do PC do B, foi atingido no pescoço. Ele foi levado a um hospital de Telêmaco Borba e foi operado, agora está na UTI. O terceiro ocupante do veículo conseguiu fugir e ainda não foi identificado.

Família

A mulher e os três filhos de Vosniak estão chocados com o crime e segundo parentes não têm condições de falar com a imprensa. Vosniak era irmão de um candidato a prefeito nas últimas eleições e presidente do PC do B da cidade, fato que acirrou as divergências com Neto.

Crime

De acordo com o delegado, o autor dos disparos responderá pelos crimes de homicídio consumado e por tentativa de homicídio. A pena pode variar de seis a 20 anos, caso seja considerado homicídio simples, se for qualificado Neto poderá pegar de 12 a 30 anos se prisão.

PMDB

O deputado estadual e presidente do PMDB no Paraná, Dobrandino da Silva, afirmou que não sabia do crime, mas reprovou e lamentou o ocorrido. "Estou sabendo disso agora por você (referindo-se à reportagem da GPOL), mas se trata de um caso grave, que não concordamos. Nós do PMDB, como um todo, lamentamos a morte de Vosniak e aguardamos que o rigor da lei seja aplicado".

O deputado está na região de Foz do Iguaçu, Oeste, e deve retornar a Curitiba na terça ou quarta-feira.

Última entrevista

No domingo, dia em que Vosniak foi morto, a Gazeta do Povo publicou uma reportagem informando que Reserva se transformou, em apenas cinco meses, no município com mais filiados do Partido Comunista do Brasil (PC do B) no Paraná, ao todo são 238. E o responsável por esse fenômeno era Nelson Renato Vozniak que, em entrevista, afirmou que "queria revolucionar". Clique e confira a íntegra da matéria da Gazeta do Povo com a última entrevista de Vosniak.

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