A prática de empregar parentes no serviço público é para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, uma forma de retroceder quase 500 anos na história do país. "O nepotismo lembra as capitanias hereditárias", compara. Nessa época, entre 1534 e 1536, o litoral brasileiro foi fatiado em 12 partes, doadas por Dom João III aos donatários, representantes do rei de Portugal na Colônia. "Os desembargadores têm de entender que a Justiça não foi criada para atender a interesses familiares, e sim da sociedade", diz Busato.
Para o presidente da OAB, as liminares que garantem temporariamente o emprego de parentes de juízes e desembargadores são uma "reação absolutamente incompreensível e antiquada, tentando manter um privilégio que não se admite mais na sociedade moderna". Esses privilégios, segundo ele, não podem ser admitidos numa Justiça moderna, transparente, sem qualquer tipo de traço de corrupção, que muitas vezes pode estar por trás do nepotismo.
"O Paraná tem um dos melhores Judiciários do país, não pode assumir uma postura dessas", analisa Busato. Ele informou que, a exemplo da Associação dos Magistrados do Brasil, a OAB também vai se manifestar por vias judiciais contra as liminares nos estados. (MK)