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campo mourão

Presidente da Santa Casa recebe suposta ameaça e se afasta do cargo

As negociações para reabertura do pronto atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na Santa Casa de Campo Mourão, no Centro Oeste do estado, anunciada por várias vezes e não concretizada, provocaram na manhã desta segunda-feira (4) o afastamento do presidente da instituição, Paulo Davidoff, que havia assumido o cargo em dezembro, após a renúncia do ex-presidente, Elmo Linhares.

Ao apresentar o pedido de afastamento do cargo, Davidoff alegou que a decisão foi adotada para "evitar que em qualquer momento, possa ser alegada qualquer dificuldade que pudesse comprometer o trabalho da Comissão de Revisão de Custos e Acompanhamento de Gestão", formada durante a visita do secretário estadual de Saúde, Michele Caputo Neto, para negociar a reabertura do pronto socorro. Apesar da justificativa oficial, fontes da Santa Casa informaram que a decisão de Davidoff teria sido influenciada pelo teor de mensagens recebidas em seu celular no final de semana, contendo supostas ameaças pessoais, caso ele interferisse na reabertura do pronto socorro.

O autor das ameaças seria o coordenador da comissão, vereador Luiz Alfredo (PT do B), que na noite da quinta feira, teria anunciado o reinicio do serviço "no prazo de 72 horas". Alfredo fez o anúncio após uma reunião com médicos que se recusaram a reabrir o pronto atendimento sem garantias reais de fornecimento de infraestrutura para o serviço e pagamento de honorários. Anteriormente, a promessa é que o pronto socorro seria reaberto na última sexta-feira.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o coordenador da comissão confirmou ter trocado mensagens com Davidoff no final de semana. Eu tenho por profissão atingir o meu objetivo e no meu caso, os meios justificam os fins. Eu disse para ele que a mão que acaricia é a mesma que corrige e que não sou conhecido como 'Lulu Malvadeza' à toa. Se eu tiver que passar por cima dele para que a cidade receba o pronto atendimento, não vai ser a vontade dele que vai imperar sobre isso". Alfredo disse que Davidoff atuava na base "do achismo" e que não era muito retilíneo e objetivo. Ele achava que os custos do serviço não seriam cobertos pela prefeitura e pelo governo do estado". Apesar do tom utilizado, Alfredo acredita que não houve ameaças. "Se ele entendeu isso, ele é mais intencionado do que eu pensava e ele está 'procurando chifre na cabeça de cavalo'", disse o vereador.

Representante da prefeitura na comissão, a secretária de Saúde, Patrícia Chandoha Busquim, foi informada sobre as supostas ameaças quando participava de uma reunião na Santa Casa. "eu não tinha ideia que as negociações estavam neste nível. Com este tipo de situação, eu não compactuo", disse ela.

Davidoff não quis falar com a imprensa sobre o caso. Ele compareceu na manhã de hoje na Santa Casa para entregar o pedido de afastamento e não participou de uma reunião que havia sido marcada no local, onde Alfredo esteve presente.

Novo prazo

A comissão formada para reabertura do pronto atendimento se reuniu na manhã de hoje na Santa Casa e Luiz Alfredo anunciou que o pronto socorro será reaberto na "quarta-feira, às 19hs". Antes disso, ele informou que a vigilância sanitária fará uma inspeção no hospital para avaliar as condições. O vereador garantiu que terá condições de compor a escala de médicos "nas condições básicas de atendimento".

A presidente do Conselho Municipal de Saúde de Campo Mourão, Lenilda de Assis, que participou da reunião, disse que a estrutura da Santa Casa é "deficiente" para a volta do pronto atendimento. Ela diz ter ficado insatisfeita com proposta de reabertura do local "com as condições mínimas de atendimento".

Entenda o caso

Em novembro de 2012, a Santa Casa da cidade interrompeu o pronto-atendimento pelo SUS, alegando que o serviço trazia prejuízos à instituição. Desde então, os atendimentos são feitos pela clínica Central Hospitalar, mas a estrutura é insuficiente para atender a população de 25 municípios da região, estimada em quase 330 mil pessoas.

O Ministério Público move ação na Justiça responsabilizando o governo do Estado e a prefeitura da cidade pela situação. Mesmo com a concessão de uma liminar, em dezembro de 2011, estabelecendo multa diária de R$ 5 mil para as pessoas físicas do governador Beto Richa e do ex-prefeito Nelson Tureck, a situação não foi normalizada.

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