Apostadores de um suposto bolão premiado da Mega-Sena em Novo Hamburgo (RS) vão pedir na Justiça Federal o bloqueio do prêmio de R$ 53 milhões. Esses bolões oferecidos pelas lotéricas são proibidos pela Caixa Econômica Federal (CEF).
Algumas lotéricas fazem lista com nomes de quem participa de cada bolão. A lista funciona como uma espécie de aposta coletiva, ou seja, a lotérica faz vários jogos e divide o valor em cotas. O cliente recebe uma cartela com as dezenas e o funcionário anota o nome e o telefone do apostador. O comprovante original fica com a lotérica.
"É um contrato de confiança entre a lotérica e o cliente, que acredita na lotérica e ele faz o jogo por que as possibilidades são maiores", disse Paulo Michelon, presidente do Sindicato das Lotéricas do Rio Grande do Sul.
Mas o bolão não é reconhecido pela Caixa Econômica Federal (CEF). O banco diz que a prática irregular é fiscalizada e, quando descoberta, a lotérica é punida.
"Uma aposta somente pode ser feita mediante o volante preenchido pelo cliente, lido pelo terminal que emite o recibo ou pela informação dos numeros que o apostador deseja, digitados no terminal pela atendente que também emite comprovante. Qualquer outra forma de comercialziação não é permitida pela caixa, não é autoirizada nem reconhecida", disse Antônio Carlos Barasuol, gerente da CEF.
Em Novo Hamburgo
O delegado Clóvis Nei da Silva começou ouvir os depoimentos dos apostadores que já registraram ocorrência na polícia e disse que o advogado do dono da lotérica deve comparecer na delegacia para agendar a apresentação do cliente dele, o responsável pelas apostas.
O proprietário está desaparecido desde que o escândalo veio à tona. Segundo o advogado da lotérica, Marcelo Dias, as combinações númericas são compradas prontas de gráficas. "As prováveis causas dessa fatalidade podem ter sido talvez falha humana de uma funcionária ou pode ter sido falha da gráfica que elabora os formulários do bolão, mas ainda não sabemos o que aconteceu."
O advogado de 18 dos 40 apostadores vai pedir na Justiça o bloqueio do prêmio. "Vamos entrar com a ação até quinta-feira (25). Vamos discutir o valor e vamos pedir dano moral por que os apostadores ficaram abalados psicologicamente", disse o advogado Marcelo Rocha.
Outro caso
Em junho de 1999, cinco apostadores de Campo Grande viveram a mesma situação. Ganharam na Mega-Sena mas a lotérica não registrou a aposta. Até hoje o grupo reinvindica na Justiça o prêmio de R$ 1,6 milhão.
Os apostadores de Campo Grande obtiveram ganho de causa em primeira instância, mas a CEF recorreu da decisão. A lotérica foi fechada no mesmo ano.