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Presidente do TJMS critica “combate leviano a medicamentos” e defende volta ao trabalho

O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, (TJMS), Carlos Eduardo Contar, em seu discurso de posse, na última sexta-feira: "medo de ser penalizado". (Foto: Reprodução / YouTube)

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O novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Carlos Eduardo Contar, criticou o combate leviano a medicamentos de prevenção à Covid-19 - o chamado tratamento precoce -, e defendeu a volta ao trabalho contra "palhaçada midiática fúnebre", em seu discurso de posse na última sexta-feira (22). O desembargador também afirmou que são "picaretas" os que defendem o "fique em casa" e disse que pode ser penalizado pelas suas palavras, pelo fato de o país viver um tempo de "caça às bruxas".

"É a oportunidade de considerar as coisas como se apresentam. Combatendo a histeria coletiva, a histeria global, a exploração política, o louvor ao morticínio, a inadmissível violação dos direitos e garantias individuais, o combate leviano e indiscriminado a medicamentos que, se não curam - isto jamais fora dito - podem, simplesmente, no campo da possibilidade ajudar na prevenção ou diminuição do contágio, mesmo não sendo solução perfeita e acabada", disse o magistrado no início de sua fala, que durou um pouco mais de três minutos (veja abaixo na íntegra).

"Razões de ordem prática recomendam o meu silêncio. Primeiro, para não ser penalizado, neste tempo de caça às bruxas onde até o simples direito de manifestar qualquer opinião que não seja a da grande mídia, corrompida e partidária, também porque a idade vai ensinando que, melhor do que estar certo, é ser feliz. Mesmo que padecendo com a revolta, a indignação e o inconformismo", continuou.

E, logo em seguida, defendeu abertamente a volta ao trabalho, também para os servidores públicos que "vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês".

"Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro, daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor. Desprezemos, pois, o irresponsável, o covarde e picareta de ocasião, que afirme 'fique em casa, não procure socorro médico com sintomas leves'. 'Não sobrecarreguem o sistema de saúde'. É, paciência senhores, os tempos realmente são estranhos. Mostremos nós, trabalhadores do serviço público, deveres e obrigações com aqueles que representamos e, por isso mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e à palhaçada midiática fúnebre, honrando nosso salário e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês", declarou o magistrado.

O tratamento precoce é criticado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), motivo utilizado pelo Twitter para suspender contas em sua plataforma, mas ainda não descartado por cientistas como mostra artigo publicado no The American Journal of Medicine, em janeiro de 2021, um dos principais da área médica no mundo - que aconselha a continuidade do estudo e do uso de substâncias como hidroxicloroquina, azitromicina e zinco na primeira fase da doença, por indícios benéficos em alguns casos e apresentarem mínimos efeitos colaterais.

Neste domingo (24), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM) afirmou, em artigo para o jornal Folha de S. Paulo, que "não mudará parecer que dá autonomia sobre o tratamento precoce". "Existem na literatura médica dezenas de trabalhos científicos mostrando benefício com o tratamento precoce com as drogas citadas acima. Outros tantos apontam que elas não possuem qualquer efeito benéfico contra a Covid-19. Em outras palavras, a ciência ainda não concluiu de maneira definitiva se existe algum benefício ou não com o uso desses fármacos", afirmou. Por estes motivos, segundo ele, o CFM continuará a apoiar a autonomia de médico e paciente, inclusive para o uso do chamado "tratamento precoce".

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