São Paulo O presidiário Ademir Oliveira do Rosário, de 36 anos, confessou ontem que matou no sábado os irmãos Francisco, de 14 anos, e Josenildo Ferreira de Oliveira, de 13, na Serra da Cantareira. O motivo: "Deu bobeira". Rosário contou que, depois de dominar os garotos com uma faca, começou a ter visões. Havia "bichos" na mata, que o ameaçavam. Ele disse que matou os irmãos porque eles o contrariaram, dizendo que não tinha bicho nenhum por ali.
Preso duas vezes nos anos 90, por homicídio e abuso sexual, Rosário era interno do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 2 de Franco da Rocha. Estava no programa de desinternação progressiva, o que lhe dava o direito de passar fins de semana com a família. Rosário aproveitava as visitas para praticar crimes ele é acusado de abusar de outros 11 adolescentes, desde março. A princípio, ele negou os crimes. Acabou confessando os dois homicídios e três casos de atentado ao pudor.
A polícia chegou ao acusado por meio do relato de três adolescentes que escaparam de um ataque no sábado. Pouco depois, Rosário dominou os irmãos. "Ele abordava as vítimas numa pedra no meio da mata", disse a delegada Cíntia Tucunduva. Rosário contou que amarrou Josenildo com um cadarço e levou Francisco pela trilha. Passou por uma cabana na mata e começou a ter a "visão". Ele perguntou ao rapaz se ele também via os bichos. Francisco disse que não. Contrariado, Rosário esfaqueou o garoto.
"Ele voltou pela trilha e encontrou o irmão, que tinha se desamarrado", disse Cíntia. Rosário fez a mesma pergunta a Josenildo. Como o menino também não via bicho nenhum, golpeou-lhe o pescoço, peito e abdome e, depois, abusou dele.
Até agora, seis vítimas reconheceram Rosário. A polícia apura ainda se Rosário tem participação no desaparecimento de um jovem e em mais quatro homicídios.
Um erro médico gravíssimo, que deve ser julgado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e trazer conseqüências criminais e civis para seus autores. Essa é opinião do mais conhecido e experiente psiquiatra forense de São Paulo, Guido Palomba, sobre a liberação de Rosário para a desinternação progressiva. O sistema é reservado a criminosos com problemas mentais que não oferecem perigo à sociedade.