Na Penitenciária Federal de Catanduvas (Paraná), a cerca de 470 quilômetros de Curitiba, as conversas dos presos com advogados, familiares, agentes e servidores são gravadas "em função da periculosidade e para preservação da segurança". A decisão foi tomada por um colegiado que reúne seis juízes federais, segundo a Justiça Federal.
As conversas, porém, não podem ser utilizadas contra os réus nos processos pelos quais eles foram condenados. "Só queremos evitar novos crimes", disse o diretor do presídio, Fabiano Bordignon. Segundo ele, as pessoas que terão contato com os presos são comunicadas sobre a gravação. "Vários advogados disseram até que para eles isso é bom porque evita que sejam ameaçados para levar mensagens", afirmou.
A seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse que não houve reclamação de advogados incomodados por gravação de conversas no presídio. Bordignon ressaltou que as visitas íntimas não são gravadas, assim como as visitas sociais realizadas no pátio. "É um momento de vulnerabilidade", admitiu.
Foi em razão do monitoramento realizado na penitenciária de segurança máxima de Catanduvas que, em 23 de março do ano passado, uma advogada do Rio de Janeiro, que não teve o nome revelado, foi presa em flagrante quando visitava um cliente. Ela foi acusada de passar recados de facções criminosas para os presos.