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Ponta Grossa – L.C.B está preso na Penitenciária Estadual de Ponta Grossa, cumprindo uma pena de 17 anos em regime semi-aberto. Sua mente não. Ela está livre para buscar os sonhos deixados na juventude quando, em janeiro de 2002, assassinou uma pessoa, em Pato Branco (Sudoeste do estado). Em março de 2006, L.C.B. entrará no câmpus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para iniciar seu curso superior. Além de ser um homem condenado, diferencia L.C. de seus colegas o fato de ser o primeiro colocado em Matemática - 14.ª classificação geral da UEPG – alcançando uma pontuação capaz de ingressar em qualquer curso da instituição.

"Sabia que passaria, mas não esperava um primeiro lugar", diz um tanto pensativo para logo completar: "mas isso não é importante, enfim, alguém tinha de ser o primeiro". A maneira desapegada com que lida com o fato não é pouco caso. L. C. é assim. Tranqüilo, fala pausadamente e dá ao cérebro tempo hábil para analisar cada palavra que dirá. No breve espaço de tempo entre uma frase e outra, é possível que a faça o que mais gosta: cálculos. Principalmente sobre o tempo que lhe resta na prisão.

Há quatro anos foi condenado por homicídio. Cumpriu um quarto da pena numa penitenciária de Cascavel e, com o direito a regime semi-aberto, foi transferido há 10 meses para Ponta Grossa. Dentro de dois anos, espera conseguir a liberdade assistida. Com a remissão de pena – três dias de estudo reduzem um de prisão - L.C. calcula que dos 1.076 dias letivos dos quatro anos que permanecerá na universidade, 358 serão descontados da reclusão de 4.225 – cerca de 11 anos – que ainda tem de cumprir.

Para ele é tempo suficiente para se redimir pelo crime cometido quando tinha 24 anos e cursava o segundo ano de Matemática no Cefet de Pato Branco. De acordo com o pai, L.B., o menino sempre foi bom em números. Exceto quando estava sob efeito das drogas. Viciado, o rapaz que calculava perdeu o controle sobre si e passou a furtar objetos para trocar por entorpecentes. Certo dia passou do roubo para o homicídio. Para a psicóloga que o acompanha na penitenciária, Andreza Lage, o crime praticado por ele foi circunstancial. Pela análise do comportamento dele, Andreza presume que L.C jamais cometeria o ato se não estivesse sob efeito das drogas.

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