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Delação premiada

Preso diz que Confepar sabia da fraude no leite

Transportador diz que cooperativa sabia da adulteração | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Transportador diz que cooperativa sabia da adulteração (Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina)

Um dos presos na segunda fase da operação Leite Compen$ado revelou que a Agroindustrial Cooperativa Central (Confepar), com sede em Londrina, tem participação direta no processo de adulteração do leite. A afirmação foi feita pelo transportador Antenor Pedro Signor, detido na operação deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul que investiga um esquema criminoso de adulteração de leite in natura através da adição de água e ureia, contendo formol. Signor aceitou a oferta de delação premiada e deu detalhes de como funcionava a fraude.

Em depoimento, o transportador afirmou que desde janeiro a Confepar recusou apenas uma carga de leite adulterado. Segundo Signor, de cada 30 cargas mensais do produto, ele fraudava 20. Ele era responsável pelo envio de 600 mil litros de leite a cada 30 dias.

O transportador revelou que o contato com a Confepar era feito por intermédio de Daniel Villanova, responsável pelo posto de resfriamento de Selbach e preso na primeira fase da operação, que se propôs a pagar mais pelas rotas do que a concorrência. "[A Confepar] não só sabia como incentivava. Sabia que minhas cargas tinham problema e, através do Daniel, eles me recrutaram", disse em entrevista ao jornal Zero Hora.

Em depoimento ao Ministério Público, Signor ressaltou que todo o leite no entreposto teria como destino a cooperativa londrinense. "A mistura de água e ureia era adicionada ao leite depois da coleta nas propriedades rurais e colocada em todos os tanques, sem separar leite de boa qualidade do adulterado. Quando havia fiscalização do Ministério da Agricultura era avisado para desviar a rota", contou aos promotores.

A fórmula para adulterar o leite foi apresentada pelo próprio Villanova ao transportador. A receita consistia em adicionar 70 litros de água e 300 gramas de ureia ao leite.

Segundo o promotor Mauro Rockenbach, a delação premiada foi proposta pela "qualidade da informação" repassada ao MP. "Nosso principal objetivo neste momento é estancar a atuação predatória e criminosa da Confepar no Rio Grande do Sul", afirmou em nota.

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