O delegado da Polícia Civil Jaime José de Souza Filho trabalha com indícios de que a morte do mecânico Eleuses Bueno, 35 anos, tenha sido um homicídio ocorrido dentro do 2º Distrito de Polícia Civil (2º DP), em Londrina, na cela onde ele estava preso. O corpo do mecânico foi encontrado na manhã da última terça-feira e, conforme disse o delegado, há indícios no inquérito de que houve "morte provocada". Bueno estava preso por porte ilegal de arma e não roubo.
No inquérito, até agora, foram ouvidas cerca de 30 pessoas entre funcionários do distrito policial, detentos e familiares do mecânico. O delegado evita dar detalhes sobre o ocorrido. Só adiantou que existe uma "série de circunstâncias que ainda precisam ser confirmadas, mas que indicam uma morte provocada". A polícia acredita que houve uma briga na cela.
A suspeita encontra confirmação no laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML), que apontou a existência de três hematomas na perna e escoriações pelo braço e no corpo de Bueno. "Pela coloração, os hematomas devem ter ocorrido 48 horas antes da morte. Mas esses ferimentos não possuem relação com a morte", afirmou o diretor do IML, Fernando Picinin.
A família, no entanto, não se conforma. O irmão do mecânico, Edval Bueno, informou que, além dos hematomas, existia um corte no supercílio e outros ferimentos espalhados pelo corpo. Ainda segundo ele, o irmão foi enterrado com a cabeça e o tronco enfaixados. E não descarta o pedido de exumação do cadáver para novos exames. "Vamos esperar o laudo do IML para saber quais medidas devemos tomar", afirmou Edval Bueno.
Conforme disse Picinin, o uso de faixas é uma prática comum do IML após realizar cortes nos corpos durante as autópsias. "A única coisa que aconteceu com ele no dia da morte foi o corte do supercílio, mas volto a repetir que não foi a causa da morte." Amostras de tecido e sangue de Bueno foram encaminhadas para exames laboratoriais. Só após o resultado, esperado para o final do mês, é que o IML deve definir a causa da morte.