O dia 11 de dezembro do ano passado continua vivo na memória de Aderbal (nome fictício). Dono de um Fusca, ele costumava estacioná-lo em frente de um posto de controle da Polícia Militar, a 150 metros do edifício onde morava, que não dispõe de garagem. Depois de beber uma cerveja, Aderbal pediu fogo ao policial militar, que não respondeu. Ele então entrou no Fusca para pegar o isqueiro no porta-luvas e foi empurrado para dentro do carro. O PM o algemou e o levou preso por dirigir embriagado. "Eu não ia dirigir, só ia pegar o isqueiro e ir andando para casa. Só estacionava ali por considerar mais seguro", conta.
Mas o pior estava por vir. Aderbal relata que o policial militar chamou o BPTran e foi levado preso em flagrante por dirigir embriagado, quando nem sequer estava com o carro ligado. "Eles me agrediram verbal e fisicamente, revistaram meu carro", relata. "Eles me colocaram no banco de trás do carro e ficaram dando voltas sem parar até me levar à Delegacia de Delitos de Trânsito", diz. Apesar de anexar no recurso o exame de corpo de delito do Instituto Médico-Legal, a comprovação de que o carro foi recolhido dias depois por abandono, o relato da história e fotos mostrando o ponto de estacionamento e a distância até sua residência, a apelação foi indeferida.
"Eu acho que já superei o caso. Mesmo assim o trauma volta toda vez que preciso tomar alguma providência a respeito disso. Eu não sabia se iam me matar, o que ia acontecer. O pior é saber que moro no Alto da XV, mas e se fosse alguém da Vila Osternack? Como se pode ter confiança em um agente público que age desssa maneira?", questiona.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar, mas não obteve resposta sobre o caso de Aderbal.
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