Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Prisão

Preso suspeito de estrangular Eliza

Marcos Aparecido dos Santos (de bonê) chegou escoltado pela polícia em Minas. Ex-policial tem vários apelidos: Maquinhos Paulista, Russo, Bola e Neném | Cristiano Trad /O Tempo / AE
Marcos Aparecido dos Santos (de bonê) chegou escoltado pela polícia em Minas. Ex-policial tem vários apelidos: Maquinhos Paulista, Russo, Bola e Neném (Foto: Cristiano Trad /O Tempo / AE)

1 de 1

Belo Horizonte - Apontado como autor do estrangulamento da estudante Eliza Samudio, 25 anos, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos San­tos, conhecido como Bola ou Mar­quinhos Paulista, foi preso no início da noite de ontem, em Belo Horizonte (MG). Estava na casa de um tio na Pampulha, que foi cercada pela polícia. A juíza Marixa Fa­­bia­na Lopes Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem (MG), decretou a prisão temporária de 30 dias de Souza. Ele prestaria depoimento somente hoje.

Santos foi acusado pelo adolescente de 17 anos, primo do goleiro Bruno, do Flamengo. O jogador está preso desde quarta-feira junto com o amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Bruno, que diz ser inocente, é apontado como o mandante do crime. O delegado Edson Moreira, chefe da Divisão de Investigação da Polícia de Minas, confirmou ontem, após ouvir depoimentos, que Santos matou Eliza.

Bola foi excluído da Polícia Civil em 22 de julho de 1992, após um processo administrativo – ele havia ingressado na corporação em 2 de março do ano anterior. No bairro Santa Clara, em Vespasiano (MG), o nome de Bola está relacionado a pelo menos mais dois crimes: o espancamento de um suposto usuário de drogas e a morte de dois homens acusados de roubar um carro.

"O pessoal tem medo dele aqui", afirmou um comerciante de 27 anos, que não quis se identificar. "No fim do ano passado, teve um roubo de carro. O dono avisou Márcio, que foi lá, encontrou os caras e ‘passou’ [matou] eles", conta o jovem. Também moradora do bairro, uma dona de casa de 60 anos afirma que seu filho foi espancado pelo ex-policial. "Ele bate em todo mundo que mexe com drogas no bairro."

A Polícia Civil não confirmou os casos. "O Paulista é especialista em matar", afirmou o delegado Mo­­­reira. "Ele tem vários antecedentes criminais", completou, sem citar as passagens policiais do suspeito. O advogado Roberto Assis Nogueira, defensor do ex-policial, garantiu que seu cliente é inocente.

O delegado acredita que Santos possa ter se apresentado com apelidos diferentes a algumas pessoas para dificultar a investigação. O adolescente de 17 anos conheceu o ex-policial como Neném ou Nem. Eliza pode ter conhecido o ex-policial como sendo Russo, segundo Moreira. A polícia investiga como Bola e Bruno se conheceram. Uma das possibilidades é que eles tenham sido apresentados por um ex-policial militar, que faz a segurança do atleta.

Pichação

Santos é o proprietário da casa em Vespasiano (MG) onde a polícia fez buscas na quarta-feira, após indicação do adolescente de 17 anos. Foram escavados algumas partes do imóvel, mas o corpo não foi encontrado. Um muro da casa de Bola foi pichado, durante a madrugada, com as frases "Bruno, seu assassino" e "Bruno, seu monstro: dinheiro não é tudo".

Policiais e bombeiros de Mi­­nas fizeram buscas pelo corpo de Eliza em um sítio em Es­­me­raldas (MG), na tarde de ontem. Segundo a polícia, a propriedade era alugada por Santos para adestrar cães.

Além de agentes da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, cães farejadores estiveram no sítio, que fica na mesma cidade na qual Bruno tem uma propriedade onde, segundo o adolescente, Eliza foi mantida antes de ser morta.

Transferência

Escoltados pela polícia, Bruno e Macarrão embarcaram ontem à noite no Aeroporto Santos Du­­mont, no Rio, rumo a Belo Ho­­rizonte (MG). A transferência foi autorizada pela Justiça no fim da tarde. "No sentido que o crime de sequestro é conexo com o homicídio, a competência é do Tribunal do Júri de Contagem", afirmou o juiz Jorge Luiz Le Cocq D’Oliveira em sua decisão.

O advogado Michel Assef Fi­­lho abandonou a defesa de Bruno ontem. "Eu entrei no caso, pois Bruno era atleta do Fla­mengo. Como o clube afastou o jogador e ocupo um cargo na di­­retoria, surgiu o conflito de interesses", alegou.

Assumiu a defesa do jogador o advogado Ércio Quaresma, que defendeu o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado a 30 anos de prisão pelo assassinato da missionária Dorothy Stang. Quaresma também foi defensor do borracheiro Fábio William da Silva Soares, que em janeiro deste ano matou, com oito tiros, a ex-mulher, a cabelereira Maria Islaine de Moares, em Venda Nova (MG).

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.