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O último suspeito de ter incendiado uma casa na Vila Sandra, no CIC, que estava foragido, foi preso na última segunda-feira (14) no Tatuquara. Tiago Lhiar Daniel, de 19 anos, foi capturado na casa da namorada e confessou ter conhecimento do crime e de seus autores, mas negou qualquer tipo de participação.

O incêndio criminoso, ocorrido no dia 16 de fevereiro, feriu gravemente duas adolescentes, uma de 12 anos, que morreu cinco dias depois, e outra de 17 anos, que faleceu no último dia 9.

Além de Daniel, Cássio Marcelo Leal Júnior, 21 anos, foi preso e outros quatro adolescentes foram apreendidos como autores do crime. Inicialmente investigado como uma possível vingança, já que o padrasto e a mãe das adolescentes possuíam passagens pelo sistema penitenciário, o caso ganhou duas novas versões com relação aos motivos que levaram as adolescentes a terem seus corpos incendiados.

Com a prisão de "Sarney", como Leal Júnior era conhecido, a polícia apresentou como causa para a tentativa de assassinato o ciúme que os autores, moradores da Vila Sandra assim como as vítimas, tinham das adolescentes, que estariam se envolvendo com rapazes da Vila Ilha Bela, considerada inimiga.

A partir da morte da adolescente de 17 anos, ocorrido há uma semana, o delegado Danilo Zarlenga, responsável pelas investigações, revelou que uma outra versão para os fatos foi contada pelos adolescentes apreendidos. Segundo declarações dos jovens, a intenção era matar Gabriel Holler Mendes, de 21 anos, o "Biel", porque este assassinou Rafael Trindade de Freitas, 19 anos, conhecido como "Xaropinho" e amigo do grupo que causou o incêndio.

Segundo Zarlenga, Daniel, Sarney e os adolescentes teriam ingerindo bebida alcoólica e então resolveram se vingar do Biel. Compraram o combustível e foram até a Rua Esther da Silva Florenzano. Daniel, que seria o mandante do crime, ficou do lado de fora e ordenou que ateassem fogo na casa onde achavam que Biel morava. "Quando entraram na casa, o grupo não encontrou o Biel, que na verdade morava no mesmo terreno, mas na casa da frente. Mesmo assim eles decidiram pôr fogo nas adolescentes, o que torna o caso ainda mais cruel", explicou o delegado.

"Passamos a investigar a motivação por ciúmes depois que os familiares das jovens reconheceram os autores e contaram que o crime poderia ter sido cometido pelo envolvimento das duas com os rapazes da Vila Ilha Bela."

Sarney e Daniel irão responder por uma tentativa de homicídio qualificado, dois homicídios consumados qualificados e corrupção de menores.

Relembre o caso

De acordo com as investigações, por volta das 5h30 do dia 16 de fevereiro Cassio Marcelo Leal, de 21 anos, e mais dois adolescentes invadiram a casa onde as jovens moravam com a mãe e o padrasto, na região conhecida como Vila Sandra, enquanto Tiago Lhiar Daniel e outros dois adolescentes davam cobertura do lado de fora da residência.

Assim que entraram na casa, Leal começou um confronto com o padrasto das jovens ao mesmo tempo em que os dois adolescentes jogavam combustível e ateavam fogo em um colchão e nas duas moças.

A mãe das jovens, Josiane de Lima, 38 anos, foi agredida por Leal e chegou a ser encaminhada para o hospital, mas recebeu cuidados médicos e foi liberada no mesmo dia. O padrasto, Marcelo Luiz Padilha, de 36 anos, não se feriu. Durante as investigações chegou a se cogitar que o incêndio tivesse sido provocado como uma vingança contra ele, o que não se comprovou. Como era foragido da Colônia Penal Agrícola, ele foi preso enquanto prestava depoimento na Delegacia de Homicídios.

Além de Padilha e dos envolvidos no incêndio, Eliane Lhiar Goes, 39 anos, também foi detida enquanto eram realizadas diligências na casa onde morava com o filho Tiago. Ela era fugitiva do sistema penitenciário, onde cumpria pena por ter assassinado o marido, também por ciúmes, em 2000.

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