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Crime

Presos acusados de matar Giovanna

Os ciganos acusados de participação no ritual de magia negra que teria levado à morte Giovanna dos Reis Costa, 9 anos, no dia 10 de abril de 2006, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba (RMC), estão presos. A cartomante Vera Petrovitch, 54 anos, suposta autora intelectual do crime, e seu filho, Pero Petrovitch Theodoro Vichi, 19 anos, que teria executado o ritual, foram detidos na residência de uma sobrinha de Vera, em Araçatuba, a 545 quilômetros de São Paulo, na quinta-feira. Eles eram procurados pela Polícia Civil do Paraná desde o ano passado. O crime, que teve requintes de crueldade, chocou os paranaenses e ganhou repercussão nacional.

A dupla foi presa por acaso, quando a polícia de Araçatuba recebeu denúncia de que na casa da sobrinha, situada no Jardim Dona Amélia, existiam armas e drogas. Uma equipe se deslocou até ao local e prendeu Vera e Pero, depois que uma menina tentou esconder jornais com notícias sobre a morte de Giovanna. "Além dos jornais com a foto da menininha e dos acusados, foram encontradas várias mechas de cabelo humano, velas e bonecas. Os policiais suspeitaram da situação e prenderam a dupla", disse a delegada responsável pelo caso, Margareth Alferes de Oliveira Mota, por meio de informações colhidas juntas ao delegado Marcelo Curi, titular da delegacia de Araçatuba.

Na delegacia, foi constatado que Pero e Vera eram foragidos da Justiça. Contra eles existem dois mandados de prisão pela morte de Giovanna, expedidos pela juíza Paula Priscila Figueira, de Campina Grande do Sul, na RMC. O rapaz já havia sido preso por falsidade ideológica, mas foi liberado porque, na época, não havia provas contra em ele em relação à morte de Giovanna.

Os ciganos foram trazidos ontem para Curitiba e desembarcaram no Aeroporto do Bacacheri, às 19 horas. Ambos foram para uma sala onde deram entrevistas para a imprensa e se disseram inocentes. "Vou provar para todo mundo a minha inocência. Não existiu ritual nenhum. Eu jamais seria capaz de fazer isso. Não matamos ninguém", disse Pero, bastante exaltado. Vera também se defendeu. "Nós nos escondemos em Araçatuba porque disseram que iam nos linchar em Quatro Barras. Também sou mãe e avó, jamais faria uma coisa dessas. Foi o Cláudio que armou para mim", afirmou.

Cláudio Domingos Iovanovictch, acusado por Vera, é presidente da Associação Nacional de Preservação da Cultura Cigana. "Ela tem todo o direito de se defender da maneira que quiser, mas nunca foi bem vista pela nossa colônia em Curitba. Meu medo é que o fato de eles serem ciganos prejudique nossa comunidade. Somos em 600 mil ciganos-monges e já tive notícias de que muitas tendas foram apedrejadas por conta desse caso horrível. Se existe esse tipo de ritual, ele não faz parte da cultura cigana", se defendeu.

Outros casos

A delegada disse que há a possibilidade dos acusados terem participação em outros crimes. "Vamos ajudar a polícia de outros estados a descobrir outros casos que envolvem desaparecimento de crianças", relatou. A polícia de Araçatuba começou a investigar se uma menina de 7 anos, da cidade vizinha de Birigüi, que está desaparecida, pode ter sido vítima de Vera e Pero.

Ontem, a dupla foi conduzida para a Delegacia de Vigilâncias e Capturas. Vera será transferida para o Centro de Triagem, em Curitiba, e Pero vai para o Centro de Triagem II, em Piraquara, na RMC. Ainda estão foragidos a companheira de Pero, uma adolescente de 16 anos, e o pai da jovem, o vendedor autônomo Renato Michel, 38 anos.

Angústia

Após um ano e dois meses de sofrimento, a família de Giovanna teve pela primeira vez um sentimento de alívio. "Hoje, sim, eu consegui dar um sorriso depois de tanto tempo sofrendo", disse Cristina Aparecida Costa, 32 anos, mãe da menina.

Toda a rotina da família foi alterada. Eles se mudaram da antiga casa onde moravam, foram para outro bairro, mas não saíram de Quatro Barras. Cristina disse que sentiu, nos últimos dias, a presença da filha. "Ontem e hoje eu senti a presença dela comigo. Rezei muito para Deus e essa prisão nos conforta de uma certa forma. Nada trará minha filhinha de volta, mas é um sentimento de alívio. Foi a melhor notícia do ano. Agora espero que os outros sejam presos também."

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