Os 14 presos mantidos em duas celas que tem capacidade para apenas dois detentos fizeram uma rebelião no início da tarde desta quinta-feira (16) na carceragem da delegacia de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Os presos queimaram colchões e destruíram a estrutura hidráulica e elétrica do distrito. A Polícia Militar e o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foram chamados ao local e controlaram a situação.
O motim durou cerca de uma hora, mas foi o suficiente para deixar o espaço bastante danificado, segundo informa o delegado Hertel Rehbein, responsável pelo distrito da RMC. Os presos pediam transferência para o sistema penitenciário e melhores condições para serem abrigados.
De acordo com o delegado, mesmo após o decreto assinado pelo governador Beto Richa em maio de 2014 no qual era determinada a retirada dos presos das delegacias de Curitiba e Região Metropolitana detentos continuaram na carceragem da delegacia.
Segundo o delegado, após o decreto, duas celas foram mantidas no local para abrigar pessoas que são presas no fim de semana e esperam pela lavratura da prisão em flagrante. "Há uns três meses não há mais transferências para o sistema penitenciário", diz. Alguns dos presos atualmente mantidos no local, de acordo com o delegado, já foram condenados e deveriam estar em penitenciárias. "Tenho aqui alguns presos de outras cidades e até de Curitiba", afirma.
Por causa da superlotação, os presos precisam se revezar para fazer as necessidades e dormir. "Dizem que na delegacia tratam os presos igual animais. Mas na verdade eles são tratados pior do que animais. Aqui não há estrutura para os presos", reclama.
De acordo com o portal de Transparência Carcerária da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), há 854 presos nas delegacias de Curitiba e Região Metropolitana.
Seju diz que transferências continuam
A pasta informou nesta quinta-feira que continua recebendo semanalmente 80 presos dos distritos e encaminha-os para o sistema penitenciário, porém, a transferência depende do Comitê de Transferência de Presos. O grupo que comanda o comitê adota alguns critérios para retirar os presos das delegacias e isso pode atrasar a retirada de alguns dessas carceragens. Um critério é a existência de condenação e o outro é a antiguidade dos presos nas unidades.