Três presos da delegacia de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) no final da tarde desta terça-feira (20) após terem supostamente sido agredidos. As marcas de violência foram provocadas, segundo eles, por integrantes do Grupo de Apoio ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP-PR), além do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar (PM).
As agressões teriam acontecido na manhã desta terça, durante uma operação coordenada pelo Gaeco. Um dos presos afirmou que os maus tratos ocorreram ainda dentro da carceragem, assim que eles deixaram as celas. "Eles só falaram que iam dar uma geral dentro da Comarca de Araucária e acabaram agredindo nós [sic] na saída. A gente foi agredido por policiais que fizeram a geral lá dentro", declarou um dos detentos, que preferiu não ter o nome revelado.
Embora apenas três detidos tenham sido levados para fazer exames no IML na tarde desta terça, os presos afirmam que mais quatro homens, no mínimo, também foram agredidos. Estas pessoas devem ser levadas ao IML na manhã desta quarta-feira (21).
Gaeco nega agressão Em nota divulgada no final da tarde, o Gaeco confirma a operação, mas garante que a ação foi executada "com o devido respeito às pessoas dos presos". O órgão do MP-PR informa ter cumprido doze mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, sendo dois para pessoas que já estavam detidas. De acordo com o Gaeco, o motivo da ação eram crimes relacionados a tráfico de drogas, com participação de presos, a partir de investigações realizadas em março deste ano.
A delegacia de Araucária é um dos locais onde supostamente houve tortura aos quatro acusados iniciais da morte de Tayná da Silva, no final de junho. Segundo denúncia do próprio Gaeco, os presos teriam sido agredidos em Araucária, Campo Largo e em Colombo, na delegacia do Alto Maracanã.
No dia 1 de agosto, o MP-PR formalizou denúncia contra 21 pessoas acusadas de participação na tortura, incluindo agentes da Delegacia de Araucária. Na última quarta-feira (14), a Justiça de Colombo acatou denúncia contra 16 destas pessoas, que teriam envolvimento com as agressões na Delegacia do Alto Maracanã. Os cinco acusados de Araucária e Campo Largo, no entanto, ainda não tiveram a denúncia aceita pela Justiça.