A polícia do Rio ampliou o cerco aos traficantes. Na manhã deste sábado, no Complexo do Alemão, foram presos dois traficantes, que segundo a polícia, seriam o segundo e terceiro na hierarquia do tráfico da Vila Cruzeiro. Ricardo Severo, o Faustão, e Tasso Fernando Faustino, o Branquinho, tentaram sair da favela às 4 horas da manhã, num Gol. Eles estavam desarmados, mas não atenderam ao pedido dos militares que controlam os acessos para pararem. Policiais e militares trocaram tiros com traficantes que faziam a retaguarda da fuga.
Nesta troca de tiros, eles foram feridos com tiros na perna e na barriga. Depois de atendidos no Hospital Getúlio Vargas, foram para delegacia e serão encaminhados a um presídio federal. Há suspeita de que Ricardo Severo seja um dos responsáveis pela derrubada de um helicóptero no Morro dos Macacos, em outubro de 2009, quando dois PMs morreram.
Mulheres e parentes de chefes do tráfico também foram presos.
Viviane Sampaio, de 32 anos, casada com Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que está escondido no Complexo do Alemão, foi presa na manhã de ontem, num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona oeste. Ao todo, quatro mulheres de criminosos foram presas. Entre elas Márcia Gama dos Santos Nepomuceno, casada com Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como o mandante da onda de ataques que tomam conta do Rio há uma semana. Ele cumpre pena em presídio federal e a suspeita é que tenha passado a ordem em visita íntima.
Os parentes são acusados de lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. "Esse dinheiro ilícito é repassado para a família. Geralmente, em visitas íntimas essas mulheres são usadas como pombo-correio do tráfico. Já que não podemos gravar as visitas íntimas esse é um meio de evitar que informações sejam passadas", afirmou o chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski.
Antes do início dos ataques ao Rio, já estavam presas as mulheres de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e de Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel. A mulher do traficante Márcio Batista dos Santos, o Dinho Porquinho, é considerada foragida. A Polícia Civil informou que outras serão presas à medida em que os mandados forem sendo liberados pela Justiça.
A maior baixa ocorreu na família de Polegar. Além de Viviane, foram presos o pai dela, Genival Jerônimo da Silva, o irmão Vitor Sampaio e a tia Lúcia Maria Souza Melo. "Todos eles têm imóveis no seu nome. Não foram presos por serem parentes, mas porque, de alguma forma, davam sustentação à atividade criminosa", afirmou o delegado da 9.ª Delegacia de Polícia Alan Luxardo.
A investigação sobre a família de Polegar foi iniciada quatro meses atrás. O juiz da 34.ª Vara Criminal determinou o sequestro de cinco imóveis na Barra da Tijuca, Leblon, Niterói, Jacarepaguá e Cabo Frio, na Região dos Lagos, avaliados em R$ 3 milhões. Nos últimos dias, os agentes vinham monitorando os passos de Viviane. "Ela tinha uma vida de classe média alta - do apartamento para a piscina do condomínio, dali para a academia, para o shopping ou para a casa de Cabo Frio. Fazia viagens em cruzeiros de luxo. Achamos comprovantes no valor de R$ 2 mil da escola dos dois filhos", afirmou Luxardo. Ao ser presa, ela disse ao delegado: "Sabia que mais cedo ou mais tarde isso acabaria acontecendo".