Em 32 dias, duas rebeliões e uma fuga ocorreram em delegacias da grande Curitiba. Em 2008, foram 18 casos divulgados pela imprensa (veja box) e todos em locais com superlotação carcerária. O mais recente ocorreu na madrugada de ontem, em Araucária. Foram 21 presos que escaparam por um túnel escavado a partir do vaso sanitário da cela. Até o fim da noite, apenas dois deles tinham sido recapturados. Segundo o delegado de Araucária, Rubens Recalcatti, a maioria dos detentos tinha passagem pelo sistema penitenciário por roubo, homicídios e tráfico. Na noite de ontem, equipes continuavam as buscas pela cidade e arredores.
Havia apenas dois policiais de plantãono momento da fuga. Um dos investigadores ouviu um barulho estranho do lado de fora da delegacia, por volta das 2 horas da madrugada. Foi ao banheiro e avistou pela janela diversos vultos próximos ao muro. Os plantonistas atiraram, conta Recalcatti. Ele imagina que a fuga tenha iniciado à 1h30. O túnel em formato de L era muito estreito, dificultando a locomoção dos fugitivos. Para o delegado, a dificuldade de saída e a prontidão do policial em ver os homens evitou a saída de mais homens. A carceragem, com capacidade para 16 detentos, abrigava 49 presos.
Facilidade
O delegado diz acreditar que a abertura do túnel teve início na noite de sexta-feira, após uma revista feita por policiais civis. O terreno ao redor do prédio é úmido e fofo, o que possibilitou a retirada de terra com a ajuda de pratos plásticos. Com cerca de seis metros de comprimento, o túnel ia até a calçada do lado de fora do prédio. Para o delegado, que acompanhou outros casos como o da rebelião de Santa Felicidade e a de Campo Largo, o importante é agir imediatamente.
No caso de Campo Largo, a destruição não foi maior porque a polícia chegou ao local rapidamente, lembra ele. Em Araucária, o bom relacionamento com o judiciário acaba agilizando os processos de alguns presos. "Há a necessidade de reavaliação de todo o sistema. Seja carcerário e judicial para avaliar as condições básicas do cidadão", avisa Recalcatti.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública não informou o número de rebeliões e fugas ocorridas em 2008 e no início de 2009 nas delegacias do estado.