Maringá e Londrina - O inusitado acordo entre o delegado e os presos de Ivaiporã para evitar fugas na cadeia local teve seu primeiro revés neste domingo. Três homens escaparam da delegacia, supostamente com ajuda de funcionários. Desde janeiro, quando o delegado fez o pacto contra fugas, a cidade não havia registrado nenhuma fuga.
O acordo de Ivaiporã, na Região Central do estado, surgiu em função da superlotação da cadeia. Com capacidade para 32 detentos, o local recebe presos de mais quatro cidades. O resultado é que 139 pessoas ocupam as celas hoje. O delegado Osnildo Carneiro Lemes, então, resolveu fechar um trato: se ninguém fugisse, os presos poderiam passar a maior parte do dia fora da carceragem. Teriam direito inclusive a dormir nos corredores ou nos solários, diminuindo o aperto.
A estratégia funcionou. Desde lá, não só os presos não se esforçaram para fugir como denunciaram eles próprios as poucas iniciativas tomadas para sair ilegalmente do prédio uma broca encontrada pelos detentos foi entregue ao delegado em abril para evitar que os privilégios cessassem.
Para o delegado, a fuga dos três detentos no domingo não quebra o acordo entre as partes. Os presos, diz ele, não faziam parte do grupo. O que se está investigando agora é se funcionários da delegacia teriam tido participação na perda dos três homens. O carcereiro que estava de plantão foi indiciado criminalmente por facilitar a fuga dos três presos. O policial de plantão também responderá um processo administrativo.
"Foi uma coisa muito estranha. O carcereiro de plantão liberou os três presos para o banho de sol em um dia de chuva e depois se ausentou da delegacia", disse. Rogério Costa cumpria pena por tráfico de drogas; Suesberto Borges e Jardel Aparecido Machado por furto. Nenhum deles foi recapturado.
Segundo o delegado, os foragidos cumpriam o regime semi-aberto. Entre os presos que fugiram, estava um detento que precisava cumprir apenas mais duas semanas de detenção. "Agora ele terá a regressão de regime. Esperamos em poucos dias recapturar todos", afirmou.