Após quinze horas de negociação, os quatro presos que iniciaram uma rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), liberaram por volta das 7h45 desta sexta-feira (20) o segundo agente penitenciário mantido como refém.

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Em uma entrevista coletiva na sede da Secretaria da Segurança Pública (Sesp), o titular da pasta, Fernando Francischini, afirmou que decidiu ir à penitenciária para dar maior credibilidade à negociação e recebeu pessoalmente os agentes, que não tinham sido feridos. “Já tinha perdido um agente penitenciário nesta semana. Não podia aceitar perder mais ninguém”, disse.

De acordo com o secretário, os quatro presos amotinados estavam em um setor chamado de seguro [onde ficam os detentos jurados de morte] e solicitavam transferência para outra unidade prisional. “Havia uma disputa entre facções, mas demos todas as garantias possíveis de segurança a eles”, afirmou.

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Francischini, porém, disse que não atendeu ao pedido de transferência nem pretende ceder a esses apelos no futuro. “Não queremos transferência de presos. Vamos atender, na medida do possível, a demandas ´justas` - como acesso a advogados da defensoria pública e melhor alimentação - mas não vamos transferir para outras unidade”, disse.

Este foi o primeiro motim no Paraná em 2015. A rebelião começou no Bloco 6 da penitenciária. Os quatro detentos renderam dois agentes por volta das 17 horas de quinta-feira.

Motim ocorre depois de morte de agente

O motim na PCE ocorre quatro dias depois do assassinato de um agente penitenciário no Centro de Regime Semiaberto de Guarapuava (Crag). Ele foi morto na noite de domingo (15) sem que houvesse qualquer rebelião na unidade. Segundo informações do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), dois homens invadiram o local pelos fundos, violaram a tela do alambrado e dispararam três vezes contra o agente Marcelo Fernando Pinheiro, 31 anos, que morreu na hora. Um outro agente penitenciário também foi atingido, mas sem gravidade.

O secretário de Segurança Pública disse que uma equipe do Centro de Operações Especiais (Cope) foi ao Crag para investigar a morte do agente penitenciário.

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Além disso, como consta em reportagem do Paraná Online, há um documento impresso em papel timbrado do Departamento de Execuções Penais (Depen) no dia 10 de março (cinco dias antes do crime) em que um preso relata à direção da Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) o risco de o atentado ocorrer. O preso afirmou, segundo o documento, que havia uma lista de seis agentes jurados de morte por presos do semiaberto e transferidos para outras penitenciárias. Dois suspeitos de terem praticado o crime foram identificados e estão presos. A participação de detentos na articulação do assassinato é investigada pela Polícia Civil.

Quanto à perseguição aos agentes, Francischini disse que não pode admitir “que o crime organizado faça ameaças como tem feito”. A Sesp diz que o documento não chegou à pasta e que o governo do Paraná, portanto, não sabia da possibilidade de atentado. O órgão alega que solicitou à direção da PIG o registro do relato do preso, mas, segundo a assessoria de imprensa da pasta, a resposta da penitenciária foi que o documento havia sumido.