Trinta e oito detentos do Paraná foram transferidos ontem para presídios federais do Rio Grande do Norte e de Rondônia em uma operação preventiva para evitar ataques criminosos como os ocorridos em Santa Catarina no começo deste ano. Os presos seriam membros de uma facção do crime organizado e, nas últimas semanas, estariam preparando ações articuladas para desafiar o poder público no Paraná. O próprio governador Beto Richa admitiu preocupação com a possibilidade de atentados. "Nós detectamos de forma prematura, logo que se iniciaram os primeiros movimentos", disse Richa na manhã de ontem, em um evento da montadora Renault.
Há duas semanas, um grupo de trabalho que envolve a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) começou a acompanhar de forma mais intensa movimentações nas penitenciárias do estado. Assim que foram detectados sinais de que poderiam ocorrer ações a mando de uma facção, o grupo iniciou o processo para pedir a transferência dos presos vários estavam em unidades prisionais do interior, como Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá. Nas últimas semanas, o grupo de trabalho concentrou os presos em uma ala da Penitenciária Estadual de Piraquara I (PEP I) para controlar de forma mais direta os principais suspeitos. Quando o grupo achou prudente transferi-los, Richa telefonou para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pediu um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Vinte dos presos foram para o presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) e os outros 18 foram para Porto Velho (RO).
Outras ações
Segundo o secretário da Segurança Pública, Cid Vasques, a Polícia Militar tem realizado um trabalho ostensivo mais intenso e a Polícia Civil está trabalhando de forma dobrada.
"É um tipo de ação criminosa que surpreende a todos. Tem que estabelecer toda e qualquer estratégia de prevenção", declarou Vasques. De acordo com ele, o Paraná ainda permanece em alerta. Alguns eventos suspeitos têm recebido atenção especial, como os assassinatos de dois agentes penitenciários, rebeliões e ônibus incendiados. O grupo de trabalho integrado tem investigado cada caso para descobrir se há conexão com facções criminosas. "Estamos conseguindo separar com muita clareza o que pode ser vandalismo e o que, eventualmente, não seja", disse Vasques.
* * * * * *
Casos
Fatos suspeitos ocorridos nas últimas semanas no Paraná serão investigados:
Curitiba
13 de março o agente penitenciário Valdeci Gonçalves, de 35 anos, foi assassinado à noite com 11 tiros, em Curitiba.
14 de março seis biarticulados foram incendiados em uma garagem da empresa Expresso Azul, em Pinhais. Dois suspeitos foram detidos pela Polícia Militar.
Maringá
14 e 15 de março presos da 9ª Subdivisão de Polícia Civil de Maringá iniciaram rebelião que durou 13 horas.
Londrina
14 e 15 de março uma operação de vistoria nas celas da Penitenciária Estadual de Londrina teria gerado tumulto no local. Houve tentativa de rebelião, contornada por policiais militares.
17 de março um micro-ônibus da empresa Transportes Coletivos Grande Londrina foi incendiado. A Sesp classifica o caso como ação isolada.
Cambará
17 de março um destacamento da PM foi alvo de tiros.
Piraquara
17 de março 23 fugiram da Colônia Penal Agrícola em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.
18 de março o agente Wilmar da Silva, de 47 anos, foi assassinado quando chegava em casa, em Curitiba.
Arapongas
18 de março presos participaram de um motim dentro da cadeia pública de Arapongas. A rebelião teria ocorrido em razão da qualidade ruim da comida.
19 de março um ônibus do transporte coletivo foi incendiado e uma base da Guarda Municipal, alvejada por tiros.