Presos fazem fogueira na laje da Penitenciária Central d o Estado, em Piraquara: mortes não foram oficialmente confirmadas| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Os presos da Penitenciária Central do Estado (PCE) iniciaram uma rebelião no começo da noite de ontem e tomaram três agentes penitenciários como reféns. Até o fechamento desta edição não havia informações oficiais sobre mortos ou feridos, mas foram ouvidos tiros e gritos dentro do presídio. Os detentos afirmaram que não iriam negociar durante a noite e ouviram do coordenador-geral do Departamento Peniten­ciário do Estado do Paraná (Depen-PR), Cezi­nando Vieira Paredes, uma garantia de que o presídio não seria invadido durante a noite. Policiais do Comando de Ope­rações Especiais (COE), grupo de elite da Polícia Militar, e do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foram enviados à unidade.

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Pelo rádio da PM, um presidiário que não se identificou, mas que disse ser ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), afirmou que "um pessoal da oposição está morto", mas não deu detalhes sobre quantos seriam os mortos nem explicou os motivos da rebelião. "Não era para ter chegado nesse ponto. Avisamos que íamos tomar a cadeia e tomamos", disse. O preso garantiu que os agentes penitenciários estavam bem. "Ninguém bateu neles, ninguém judiou deles", afirmou.

Logo em seguida, perto de 23h20, um funcionário que estaria sendo mantido como refém, disse, pelo rádio, que os agentes estavam bem. De acordo com ele, os detentos tinham uma lista de reivindicações que deveriam ser atendidas no início da manhã. Os presos teriam exigido a presença da imprensa, de um juiz e de alguém ligado aos movimentos de direitos humanos.

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No final da noite, pelo menos 50 parentes de presidiários estavam em frente à PCE esperando por mais informações sobre a situação dentro da cadeia. Pouco de­­pois das 23h, um grupo de presos subiu à laje do presídio e iniciou uma fogueira com colchões. A rebelião teria começado na 10.ª galeria e se espalhado pelo presídio.

A ação dos presidiários acontece na mesma semana em que, por ordem da Secretaria da Segurança do Paraná, foram retirados os 48 policiais militares que faziam a guarda armada do local, em apoio aos agentes. Os PMs atuavam dentro da PCE desde o ano 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. Os policiais teriam sido retirados para atender o público externo durante a Operação Verão, quando muitos policiais são deslocados para o litoral.

O perigo de rebelião já havia sido alertado pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, quando soube da saída dos PMs. O presidente do sindicato, Clayton Agostino Auwertzr avisou, em ofício, a Ordem dos Advogados do Brasil. O presidente da OAB-PR, Lucio Glomb, que tomou posse no dia 1.º de janeiro, teria conversado com Cezinando Paredes a respeito da falta de segurança e uma comissão da OAB teria agendado para hoje uma visita à PCE.

A secretária da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB-PR, Isabel Kugler Mendes, afirmou que os presos foram impedidos de tomar banho de sol e circular após a retirada dos PMs, que teria sido ordenada na segunda-feira e executada na terça-feira. No entanto, ontem os presos voltaram a poder circular, o que teria propiciado a rebelião. Sem os PMs, ficam apenas no máximo 30 agentes penitenciários fazendo a segurança de 1,5 mil presos em 13 galerias que compõem o complexo de 40 mil metros quadrados de área construída.

Os possíveis mortos seriam presos que, no linguajar do presídio, estariam "no seguro", isto é, ameaçados de morte e por isso isolados. Segundo os presos, na manhã de hoje eles apresentariam uma série de reivindicações que deveriam ser atendidas pelas autoridades.

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A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Segu­rança nem com a Secretaria da Justiça para comentar o assunto.