Cerca de 50 motoristas de Uber se reuniram na Câmara Municipal de Curitiba na manhã desta segunda-feira (27) para pressionar os vereadores sobre a liberação ou não do uso do aplicativo na cidade. Taxistas - que são contra o uso deste tipo de transporte na capital por causa da falta de regulamentação - também se aglomeraram no entorno da Casa Legislativa, com caminhão de som e apoio do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná. Aproximadamente 300 taxistas participam do ato, que se estendeu em direção à prefeitura, ao Ministério Público e à Justiça Federal - onde foi pedido o apoio do juiz federal Sergio Moro.
Conflito entre taxistas e motoristas do Uber reacende discussão sobre Lei do Transporte
Leia a matéria completaNa Câmara, para evitar confrontos, guardas municipais fizeram um cordão de isolamento. Por volta das 10h15, os taxistas começaram a soltar foguetes. Uma movimentação indicava que eles tentariam entrar na sede do Legislativo municipal, o que não ocorreu por causa da segurança reforçada. A sessão dos vereadores não foi interrompida.
Por volta das 11 horas, o protesto no local começou a dispersar e então os taxistas seguiram para as sedes do Ministério Público e da Justiça Federal do Paraná. No caminho, eles passaram pela sede da prefeitura, em carreata, e pediram o apoio do prefeito Gustavo Fruet (PDT).
Pelas 11h30, ele soltaram foguetes na sede da Justiça Federal e solicitaram apoio do juiz Sergio Moro, que conduz as ações na primeira instância da Operação Lava Jato. Os manifestantes ainda cobraram uma audiência com Moro para debater o assunto.
Apesar do encontro entre os motoristas dos dois segmentos, não houve registro de novos confrontos na Câmara Municipal.
Desabafos
Entre a sexta-feira (24) e o início da madrugada de sábado (25), integrantes dos dois grupos entraram em conflito em pelo menos três momentos. Foram registrados episódios de violência no Aeroporto Afonso Pena, na Região Metropolitana de Curitiba, nas imediações da rodoferroviária e no bairro Batel. Duas pessoas foram detidas.
Na lei
Sancionada em maio e prestes a entrar em vigor, uma lei - impulsionada pela presença do Uber em Curitiba - alterou as normas de transporte individual de passageiros e ampliou a fiscalização sobre o transporte irregular. A ideia inicial era que a proposta, aprovada pelos vereadores, barrasse o serviço do aplicativo na capital.
Contudo, prefeito Gustavo Fruet (PDT) sancionou com veto parcial a lei, retirando do texto justamente a parte que se refere ao transporte de passageiros em carros particulares, ou seja, aos colaboradores do Uber.
Na prática, o veto fez com o que o Uber não fosse reconhecido como proibido, embora o serviço prestado pela aplicativo não tenha passado por uma regularização na capital e, por isso, ainda seja passível de multa.
A motorista de Uber Tânia Salazar afirma que situação está tensa e que a classe quer regulamentar a prestação do serviço na capital. “Não somos bandidos. Queremos trabalhar. Tenho que falar para o passageiro dizer que me conhece para não ser agredida”, relatou.
Já segundo Abimael Mardegan, presidente do Sinditáxi, a luta da categoria é pela legalidade. “Estamos querendo que se cumpra a lei. Se a lei diz que não é regulamentado, eles não podem atuar na cidade. Estão tentando transformar o taxista em bandido e quem atua à margem da lei em herói. Curitiba é uma cidade respeitada no mundo inteiro. Nós precisamos cumprir a lei”.
José Loacir Varchaki, também do sindicato, diz que a luta da categoria é contra a “pirataria”: “Pagamos taxas para trabalhar. O que vale para um tem que valer para todos”.
Autuações
Segundo a prefeitura de Curitiba, neste ano já foram realizadas 75 ações integradas de fiscalização de serviço irregular de transporte de passageiros. Nessas ações, 370 veículos foram abordados. Atualmente, quem é flagrado dirigindo sem permissão paga uma multa de R$ 85. O valor será reajustado para R$ 1,7 mil em meados de agosto.
O Uber estreou oficialmente em Curitiba no dia 18 de março e, segundo os próprios motoristas, já há mais de 1 mil profissionais cadastrados para atuar na capital paranaense.
Trânsito
Por causa do bloqueio dos taxistas pela manhã, a região da Câmara apresentou pontos de congestionamento, principalmente na Visconde de Guarapuava e na Barão do Rio Branco. Como os taxistas saíram em carreata pela cidade, pontos do Centro Cívico e do Alto da Glória ficaram propensos a pontos lentidão. Agentes da Setran monitoraram o fluxo.
Um rompimento de um cabo no final de semana também provocou a dessincronização de diversos semáforos, do São Francisco ao Centro Cívico. Agentes da Setran devem normalizar a situação até o final da tarde. Isso também tem causado lentidão em algumas ruas da região.
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