Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Coletiva

“Pressão não tem nenhum sentido”

Brasília – A entrevista coletiva de ontem foi a primeira destinada a jornais regionais durante os 4 anos e 8 meses da gestão Lula. O presidente comentou sobre assuntos locais e nacionais. Disse não acreditar que o STF tenha sido pressionado e prefere não julgar colegas de PT. "Você quer autocrítica maior do que já foi feita pelo Partido dos Trabalhadores? Você quer mais castigo do que as pessoas que estão envolvidas terem os seus nomes estampados nos jornais todos os dias, sendo inocentes ou não? Está estampado lá, vão ter que provar que são inocentes."

O encontro foi restrito a 11 veículos, selecionados pela assessoria da Presidência da República pelo índice de circulação ou tradição no estado. Além da Gazeta do Povo, estiveram presentes representantes da Zero Hora (Rio Grande do Sul), Associação Paulista de Jornais (São Paulo), Hoje em Dia (Minas Gerais), O Dia (Rio de Janeiro), A Tarde (Bahia), Jornal do Commercio (Pernambuco), O Povo (Ceará), O Liberal (Pará), A Crítica (Amazonas) e O Popular (Goiás). Confira abaixo os principais temas tratados, além dos transgênicos e as respostas do presidente.

• STF e mensalão

"Sinceramente, eu não acredito que 50 manchetes de jornais ou 50 reportagens de televisão possam fazer pressão para que um ministro da Suprema Corte vote. Se isso aconteceu, eu posso te dizer, então, que é preciso repensar o comportamento do ser humano. Eu não acredito que as pessoas trabalhem assim, porque eu não trabalho assim, e eu não acredito que a Suprema Corte possa trabalhar por causa de pressão, até porque ninguém na Suprema Corte precisa de voto. Eles não disputam eleição, eles não têm que prestar contas ali, eles foram indicados pelo presidente da República, aprovados pelo Senado e só saem de lá quando se aposentarem aos 70 anos de idade. Portanto, a pressão não tem nenhum sentido."

• PT e corrupção

"Eu fico perguntando o seguinte: você quer autocrítica maior do que já foi feita pelo Partido dos Trabalhadores? Você quer mais castigo do que as pessoas que estão envolvidas terem os seus nomes estampados nos jornais todos os dias, sendo inocentes ou não? Está estampado lá, vão ter que provar que são inocentes. O PT deu a resposta, na verdade, foi no PED, quando o PT conseguiu, no auge da crise, colocar 320 mil pessoas para votar, e deu a resposta nas eleições de outubro do ano passado. Agora, o que nós temos? Temos que esperar que a Justiça ande com o processo, que as pessoas se defendam. Certamente, muitos serão inocentes, e a minha tese é de que os culpados paguem, os inocentes sejam absolvidos e a normalidade política do país continue."

• Tráfico de drogas

"Vamos ser francos, ele (tóxico) não é vendido no morro. O morro paga o preço por ser morro e morar gente pobre. Agora, tem muita gente grã-fina viciada, que são os grandes traficantes e que são os grandes consumidores. É preciso que a gente não pense que isso é coisa de pobre. Como é que você faz no morro? Nós fizemos uma ação exemplar no Complexo do Alemão, tendo consciência de que a Força Nacional não pode substituir a polícia estadual, ela entra como força auxiliar. O que nós fizemos no Complexo do Alemão? A força auxiliar cercou o Complexo para que a polícia estadual fizesse a operação. Até agora nós fizemos operações bem-sucedidas. Eu estou convencido de que a experiência que nós tivemos no Rio de Janeiro, por conta dos Jogos Pan-Americanos, é uma experiência que pode ser levada para outros estados, é uma experiência bem-sucedida."

• Verbas do PAC

"Primeiro, governar não é uma ação entre amigos. Eu trato os governadores do meu partido igual eu trato os governadores do PSDB, igual eu trato os do PTB, igual eu trato os do PDT. Não tem distinção, não é uma relação entre amigos. Na minha relação entre amigos é que eu posso convidar um para ir à minha casa jantar, mas na hora em que eu tenho que tratar da relação com os entes federativos, aí o que conta são os interesses do povo brasileiro e não os interesses desse ou daquele governador. Segundo, eu estou feliz com as obras do PAC. O que nós fizemos para fazer o PAC chegar até onde chegou foi uma revolução no gerenciamento das obras públicas brasileiras."

• Dívidas dos estados

"É importante saber que os governadores que hoje criticam a questão da dívida do estado precisam recordar o que foi feito há 8 anos, quando foi feito o acordo com o governo federal. Todos os governadores achavam que estavam fazendo o melhor acordo do mundo porque estavam pegando dinheiro, estavam vendendo empresas públicas para poder resolver o problema do seu estado. Mas quem toma dinheiro assim um dia tem que pagar, e quando começa a pagar é sempre difícil. Isso é como a gente que vai a uma loja comprar, e quando o cara fala: "olha, tem carência de três meses, vocês não vão pagar por três meses", você fica feliz da vida. Mas chega um dia em que você tem que pagar a primeira prestação e começa a doer."

• Reforma tributária

"Eu acredito que todos nós desejamos fazer uma reforma tributária no Brasil. É importante não perder de vista que, em abril de 2003, eu e 27 governadores de estado fomos ao Congresso Nacional entregar uma proposta de reforma tributária que foi feita por todos nós, juntos. Acontece que reforma tributária é como time de futebol, cada um tem o seu. Reforma tributária, cada segmento empresarial tem a sua, cada deputado tem a sua, cada senador tem a sua, cada ser humano tem a sua. O importante é tentar encontrar um ponto de equilíbrio e que a gente tenha uma política tributária que faça justiça igual a todos os estados brasileiros."

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.