Não parece, mas a cidade está infestada por jovens à beira de um ataque de nervos. São os estudantes que estão na reta final para o vestibular deste ano, e agora entram na chamada "hora do desespero". A cobrança interna, a expectativa dos pais, a comparação com irmãos e amigos, o excesso de aulas, a necessidade de retribuir o "investimento", a roda-viva dos cursinhos e o descontrole emocional puro e simples são alguns dos obstáculos que os candidatos a uma vaga na universidade têm de enfrentar, além dos concorrentes.
Flaviane Bernardo, aluna do terceirão no Expoente, é um caso típico de sofrimento precoce. Aos 16 anos, tentando pela primeira vez uma vaga em Farmácia na UFPR e outra em Direito na Curitiba, ela chegou a ficar doente por medo de não passar. "Tenho hérnia de hiato e o estresse me fez piorar", conta. "Estou muito nervosa, a concorrência é muito grande e eu quero passar este ano."
O detalhe é que Flaviane fez o vestibular do Cefet no meio do ano "para ver como era" e tirou nota suficiente para ser aprovada. "Mas agora é para valer", justifica a menina, que nunca reprovou e estuda três horas por dia, além das aulas. Na casa dela acontece algo curioso: os pais tentam convencê-la a estudar menos: "Eles falam para eu parar um pouco, sair, brincar com o cachorro... mas eu não consigo, brinco só um pouquinho e volto a estudar."
Para Gisele Heise, 19 anos, aluna do cursinho gratuito da ONG Formação Solidária, o inferno são os outros. "Falta pouco tempo e tem muita coisa para ser vista. Odonto é muito concorrido e o nível é bem alto", diz a garota, que vai tentar Odontologia na UFPR, PUC e Tuiuti. Ela acredita estar em desvantagem em relação aos candidatos dos cursos particulares, porque precisa trabalhar. "Os outros cursinhos sempre encontram uma brechinha para fazer revisão e reforçar pontos com os alunos, e eles têm muito mais tempo para estudar. Aqui, como os professores são voluntários, eles não podem dar tantas aulas, às vezes precisam faltar..."
No caso de Ana Cristina Schneider, 18 anos, aluna do Expoente que pretende ingressar em Psicologia na UFPR, sua própria casa é que é assombrada: "Tenho duas irmãs, uma formada em Enfermagem pela UFPR e outra que faz Educação Física lá. Meus pais não falam nada, mas eu me sinto na obrigação de também passar na Federal."
Bolsista no Expoente graças ao convênio com a Formação Solidária, Vivian Soares Guimarães, 17 anos, que vai tentar Administração na UFPR, sente muita pressão da concorrência, da família e dela mesma mesmo indo ao cursinho de manhã e estudando quase todo dia, das 14 às 21 horas. "O pior é a concorrência. No ano passado eram 17 por vaga, as médias são bastante altas, e eu sempre acho que eles estão se preparando melhor." Vivian também reclama de alguns professores: "Eles falam que tudo vai cair na Federal, e dão a entender que se a gente não passar será o fim do mundo."
O problema de Fernanda Cristina Santos, 18 anos, candidata a uma vaga em Economia na UFPR, é outro: ela se sente em "dívida" com o tio, que paga o seu cursinho no Expoente. "Se eu não passar, não vou retribuir o investimento que ele está fazendo em mim", explica.
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