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A mastologista Marília Takimoto diz que seria bom o SUS ofertar o teste, mas primeiro precisa resolver a falta de mamógrafos e a má distribuição dos aparelhos | Christian Rizzi / Gazeta do Povo
A mastologista Marília Takimoto diz que seria bom o SUS ofertar o teste, mas primeiro precisa resolver a falta de mamógrafos e a má distribuição dos aparelhos| Foto: Christian Rizzi / Gazeta do Povo

Procedimento

Ministério diz que retirada da mama é medida extrema

O Ministério da Saúde alerta que ainda não há consenso científico sobre a eficácia da cirurgia de retirada das mamas como forma de prevenção do câncer – procedimento que não é coberto pelo SUS. Segundo o órgão, a mastectomia só é feita depois da descoberta de um tumor. "O SUS oferece gratuitamente exames para o diagnóstico precoce de câncer de mama, além de tratamento e acompanhamento de pessoas com a doença", informa, por meio de nota, acrescentando que, no ano passado, 4,4 milhões de exames de mamografia foram feitos no país. As informações são da Agência Brasil. O ministério diz que a hereditariedade responde por cerca de 10% dos casos diagnosticados. Nos casos de mulheres com histórico na família, o órgão recomenda fazer acompanhamento médico a partir dos 35 anos, com exames e procedimentos preventivos.

Fique alerta

Saiba como se prevenir contra o câncer de mama:

População em geral

• Mamografia a partir dos 40 anos

População de alto risco

• Quando a chance de ter a doença é maior que 30%

Enquadram-se neste último grupo:

• Mulheres com familiares que tenham tido câncer de mama com menos de 45 anos.

• Mulheres cuja família teve dois casos de câncer de mama do mesmo lado, ou seja, mãe e filha, sendo um deles abaixo de 50 anos.

• Três casos de câncer de mama na família em qualquer idade, por parte de pai ou mãe.

Recomendações

• Consultas semestrais com o mastologista a partir dos 20 anos.

• Ecografia a partir dos 25 anos de seis em seis meses.

• Ressonância magnética para quem tem mamas densas ou nódulos.

Resultado da prevenção

• O acompanhamento regular, conforme a indicação médica, permite que lesões com menos de dois milímetros sejam diagnosticada e curadas com grande probabilidade.

Morte

A tia de Angelina Jolie morreu de câncer de mama no último domingo, menos de duas se­manas depois de a atriz anun­ciar a mastectomia dupla. Deb­bie Martin morreu aos 61 anos em um hospital na cidade de Escondido, no estado da Cali­fórnia (EUA). Debbie era a ir­mã mais nova da mãe de Jo­lie, Marcheline Bertrand, que sucumbiu a um câncer de ová­rio em 2007. A doença de Mar­cheline inspirou a cirurgia que Jolie fez, segundo um artigo da atriz publicado em 14 de maio no jornal The New York Times. De acordo com Ron Martin, tio de Angelina, Debbie tinha o mesmo gene BRCA1 defeituoso que Jolie, mas não sabia disso até que a revelação do diagnóstico de câncer em 2004. "Se soubéssemos, certamente teríamos feito exatamente o que Angelina fez", disse.

A oferta do exame de sequenciamento genético no Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes com alto risco de câncer poderia contribuir para prevenir a doença e reduzir custos decorrentes do tratamento. No entanto, a rede pública não oferece o teste e tampouco dispõe de estrutura e laboratórios especializados para fazer o mapeamento.

INFOGRÁFICO: Câncer de mama é o principal tumor nas mulheres. Veja previsão de novos casos no país e no PR

O assunto ganhou repercussão após a atriz Angelina Jolie ter se submetido a uma adenomastectomia – retirada das mamas como prevenção ao câncer. O teste genético revelou que ela tinha um risco de 87% de desenvolver câncer da mama e de 50% de ter um tumor nos ovários. Desde então, clínicas médicas e hospitais de todo o país receberam uma avalanche de pacientes em busca de informações sobre o exame e a cirurgia preventiva.

Para os médicos, a oferta do exame genético pelo SUS significaria uma redução nos custos com tratamento. "Há estudos que mostram que arcar com os testes genéticos é muito mais eficaz que arcar com os tratamentos de câncer. Hoje um paciente com câncer não custa menos de R$ 500 mil ao sistema de saúde, porque é preciso fazer cirurgia, internações, exames, quimioterapia, radioterapia e cuidados paliativos", diz o médico oncogeneticista do Hospital Erasto Gaertner José Claúdio Casali da Rocha. Hoje, segundo ele, o exame feito pela atriz custa cerca de R$ 4 mil.

Na rede privada, a obrigatoriedade de os convênios pagarem o teste genético só começou a valer no ano passado, a partir da Resolução Normativa n.º 262. No entanto, o procedimento só é válido se for solicitado por um geneticista e nem todos os planos fazem a cobertura.

Cautela

Os médicos recomendam cautela às mulheres que pensam em fazer o teste e a cirurgia porque a mutação encontrada em Jolie atinge menos de 1% da população. As pacientes com indicação para fazer o acompanhamento genético e a adenomastectomia precisam se enquadrar no grupo de alto risco.

O médico do Setor de Gi­necologia e Mama do Hospital Erasto Gaertner, Sérgio Hatshbach, diz que o fato de o procedimento não estar disponível no SUS não é preocupante, porque existem outras formas de monitorar e prevenir o câncer, como a mamografia e a ecografia. "Se você fizer as consultas e exames pode controlar perfeitamente sem o teste de sequenciamento genético."

A mastologista Marília Takimoto, de Foz do Iguaçu, ressalta a importância da prevenção. Ela diz que apesar das campanhas, muitas mulheres ainda chegam aos consultórios com tumores em estado avançado. "Para a população que não é paciente de risco rastreamos a doença pela mamografia", explica.

Paranaense fez o teste de graça na Inglaterra

Na Inglaterra, o teste de DNA é oferecido pela rede pública de saúde. Foi lá que a paranaense Cristiane Lourenço, 30 anos, descobriu ter uma anomalia no gene BRCA1, o mesmo da atriz Angelina Jolie. O exame foi feito por orientação dos médicos após a mãe de Cristiane ter enfrentado dois cânceres. O primeiro, aos 32 anos, em uma das mamas. Na época, Cristiane tinha 10 anos. Após fazer o tratamento e superar a doença, a mãe dela foi acometida pelo câncer novamente, na outra mama, em 2009.

Em 2011, Cristiane foi morar na Inglaterra por questões profissionais – ela trabalha com sustentabilidade em uma multinacional em São Paulo. Em Londres, fez o cadastro na unidade de saúde do bairro – um serviço similar ao prestado pelos médicos da família no Brasil – e recebeu uma série de recomendações para prevenção do câncer. Também soube que o teste de DNA, para quem tinha câncer na família, era gratuito e resolveu fazer. "Minha médica falava: pense em 50% que você tem e 50% que você não têm. Assim você vai ficar mais preparada para a notícia. Mesmo assim, foi um baque grande", conta.

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