Enquanto clínicas e laboratórios particulares do Paraná começaram a oferecer a vacina contra a gripe nesta semana, os postos de saúde só devem iniciar a imunização de parte da população a partir de 15 de abril. A diferença de mais de um mês entre a vacina na rede particular e na rede pública de saúde é criticada por especialistas, que defendem a imunização da população o quanto antes, uma vez que a incidência do vírus da gripe nos estados do sul costuma ocorrer com a baixa das temperaturas, verificadas no fim de março. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) concorda com os infectologistas e justifica só ter conseguido, em relação ao ano passado, uma antecipação de 20 dias no fornecimento das doses pelo Ministério da Saúde.
A presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, Rosana Camargo, explica que os anticorpos levam um mês para serem produzidos a partir da aplicação da vacina e, por isso, houve uma mobilização da Sesa, em conjunto com as associações médicas e sociedades de infectologia do Paraná e Rio Grande do Sul. "Fizemos um documento com a proposta de que a vacina fosse universal e não apenas para grupos de risco. Nos estados mais quentes, a incidência de gripe é menor. Mas, infelizmente, não fomos atendidos."
O imunologista e infectologista londrinense José Luís da Silveira Baldy concorda que "o posto de saúde oferece as vacinas muito tardiamente". "Existe um tempo entre a vacinação e a imunização, por isso, é importante vacinar em período quente, para quando chegar o frio, estarmos com os anticorpos produzidos", detalha. Para Baldy, outro erro da rede pública é imunizar apenas os chamados grupos de risco, já que toda a população está sujeita à gripe. "Isso é para inglês ver," assinala.
Em clínicas, procura por vacina é grande
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com 15 clínicas particulares espalhadas pelas seis maiores cidades do estado Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel e Ponta Grossa e constatou que, na grande maioria delas, a procura pela vacina era grande antes mesmo da chegada das doses. No Laboratório Frischmann Aisengart, de Curitiba, 457 pessoas estavam cadastradas no site para comprar a vacina até o início da semana. Já na Alergoclin, também na capital, a fila era de cerca de 100 famílias.
Em Cascavel, no Oeste do estado, mais de 80 pessoas esperavam pela chegada da vacina em duas clínicas consultadas. Na IC Vacinas, de Maringá, no Norte, a expectativa era de que o lote que chegaria esta semana durasse 15 dias. "Não estamos fazendo lista e não trabalhamos com previsão de falta, como foi no ano passado. Mas temos recebido vários ligações e convocaremos nossos clientes por carta ou e-mail", afirma a responsável Maria de Lourdes Teixeira Masukawa.
Na clínica de imunizações Baldy, em Londrina, a expectativa era de que a vacina chegasse até o final desta semana. "As pessoas são vacinadas por ordem de chegada. No ano passado houve uma procura enorme e neste ano deve ser igual", aposta o proprietário, José Luís da Silveira Baldy.