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Prestes a se tornar o primeiro santo brasileiro, o beato frei Galvão, paulista de Guaratinguetá, também fez história no Paraná. O reconhecimento de outro milagre do religioso, confirmado na sexta-feira pelo Vaticano, está sendo comemorado de maneira especial em Piraí do Sul, nos Campos Gerais. A confirmação oficial da segunda graça atribuída ao franciscano – fato necessário a sua canonização – movimentou a população do pequeno município, com pouco mais de 20 mil habitantes.

Nossa Senhora das Brotas, padroeira de Piraí do Sul, é considerada herança de fé de frei Galvão. Os documentos históricos de povoação da cidade registram uma passagem do missionário pela região, então município de Castro. Ele caminhava a pé pelo Brasil pregando o Evangelho e a devoção a Maria, mãe de Jesus. Em uma dessas andanças, em 1808, hospedou-se na casa de uma viúva, chamada Ana Rosa Maria da Conceição de Paula, a quem confiou uma estampa com a imagem de Nossa Senhora das Barracas, um dos títulos de Maria, em Portugal, que mais tarde passou a se chamar Nossa Senhora das Brotas.

Oficialmente, o segundo milagre foi reconhecido poucos dias antes da Festa de Nossa Senhora das Brotas, celebrada hoje na cidade. Para o padre Sílvio José Breginski, pároco de Piraí do Sul, trata-se de uma coincidência muito especial e que transforma a festa, realizada há 126 anos, num momento importante de divulgação da vida de frei Galvão. O padre acredita que a canonização do beato só vai fortalecer a devoção a Nossa Senhora das Brotas, já conhecida em várias regiões do país. A devoção em outros estados se justifica pelo fato de a santa ter sido proclamada a padroeira do Caminhos das Tropas.

O local onde hoje está o santuário de Piraí foi parada dos tropeiros, que viajavam de Viamão (RS) até Sorocaba (SP). Alguns historiadores relatam, inclusive, que frei Galvão acompanhou algumas dessas viagens.

Na avaliação do padre Sílvio José, a passagem do beato pelo Paraná se traduz em uma história e duas devoções. "Nossa Senhora das Brotas, frei Galvão e Piraí do Sul passam a ser conhecidos em todo o mundo", destaca o pároco. Ele lembra das palavras do papa João Paulo II, em outubro de 1998, por ocasião da beatificação do brasileiro: "no relato sobre os fatos importantes da vida do religioso, o pontífice citou Piraí do Sul e a origem da devoção à padroeira local."

No livro A Paróquia Senhor Menino Deus e o Santuário de Nossa Senhora das Brotas, de 1964, o frei Guido Hussmann conta que após a passagem do frei Galvão, Ana Rosa de Paula casou-se com Joaquim Maciel de Almeida. Na mudança para a nova casa, ela perdeu a estampa de Nossa Senhora das Barracas, que teria caído da carroça durante o trajeto. Anos mais tarde, a imagem, que teria sido emoldurada, foi encontrada em meio a uma densa vegetação, onde antes havia sido ateado fogo, prática comum usada na época para limpar o campo antes de um novo plantio. O que chamou a atenção é que a moldura foi consumida pelo fogo, mas a estampa teve apenas as bordas chamuscadas, tendo a imagem permanecido intacta. Foi então, por ter brotado das cinzas, que Nossa Senhora das Barracas passou a ser chamada das Brotas.

O morador Ricardo Martins Szesz, que mantém um acervo histórico particular sobre Piraí do Sul, lembra que os descendentes de Ana Rosa e Joaquim Maciel continuam morando no município.

Serviço: Para a festa de hoje são esperadas cerca de 15 mil pessoas. A programação tem início às 9 horas, com uma procissão da Igreja Matriz, Centro da cidade, até o Santuário das Brotas.

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