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A explicação para os desvios de conduta está na neurociência. Ao nascer, um ser humano tem cerca de 100 bilhões de neurônios. A todo instante, experiências e vivências contribuem para que esse número se multiplique rapidamente. Nos primeiros anos de vida, a velocidade do surgimento de novas conexões chega a 5 mil células nervosas por segundo. Até os 6 anos, algumas partes específicas do cérebro relacionadas às emoções, aos sentimentos e ao controle dos impulsos vão sendo desenvolvidas. No entanto, a forma como essas novas conexões se estabelecem depende do ambiente em que a criança está inserida e dos estímulos que recebe. "O comportamento é resultado de processos mentais orgânicos. Existem regiões no cérebro que regulam reações e atitudes e que se desenvolvem nos primeiros anos de vida", diz Figueiró. "A parte pré-frontal, por exemplo, responsável pelo controle dos impulsos, geralmente é menos desenvolvida em pessoas com comportamento violento", exemplifica. Outras áreas, como o sistema límbico, relacionado com as emoções, e o lobo temporal, que regula sentimentos como empatia e compaixão, também estão intimamente ligadas ao comportamento e se desenvolvem até os 6 anos.

Segundo Figueiró, com um ano de meio de vida uma criança já possui sentimentos morais como empatia, igualdade e justiça. Até os 2 anos, 80% do cérebro já está formado. Valores, idéias e sentimentos que se fixam na infância são os que ficarão para a vida toda. "Todo esse aprendizado se dá por meio de modelos, de exemplos a que a criança tem acesso. Ela aprende muito mais pelo que sente e vê do que pelo que lhe é dito", observa. É por isso que crianças expostas a situações de risco tendem a se tornar adultos com desvios de conduta. "A organização do desenvolvimento moral se processa cedo na vida e é aqui que se previne a violência", resume o médico português João Carlos Gomes-Pedro, especialista em desenvolvimento infantil. (CV)

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