Na zona rural de Rebouças, na Região Centro-Sul do Paraná, os primos Marcelo Gobor, 38 anos, e Mauro Eugênio Demczuk, 53 anos, resolveram diversificar as produções em suas propriedades e aderiram ao Pronaf-Florestal há quatro anos. Cada um plantou quatro hectares de eucalipto em áreas vizinhas. A escolha se deu porque o eucalipto cresce mais rápido que as outras espécies. As árvores, ainda jovens, com três anos, crescem rodeadas pelas araucárias nativas que são comuns na região.
"O pinheiro não atrapalha; pelo contrário, deve ser preservado", afirma Demczuk, que reconhece o fato de muitos produtores da região se aproveitarem do período noturno para derrubar as araucárias e vender as toras para as serrarias da região. Gobor mantém os 20% de área preservada do seu sítio exigidos pelo Código Florestal e afirma que pretende ganhar dinheiro de forma legal. Ele se orgulha em mostrar uma araucária gigante que existe em sua propriedade. "Precisa de uns quatro homens para abraçá-la", afirma, avisando que a árvore deve ter mais de 300 anos, pela altura da copa e circunferência do tronco.
Os primos contam que fizeram o financiamento do plantio de eucalipto no Banco do Brasil com a orientação de uma empresa privada de defensivos agrícolas, por não encontrar assessoria nos órgãos do governo. Cada um recebeu R$ 6 mil para começar a pagar o financiamento em 2014, com parcelas anuais que chegam a R$ 1,1 mil. "Eu calculo que vai dar uns R$ 80 mil brutos, depois que vendermos a produção", afirma Gobor.
O dinheiro do financiamento é aplicado principalmente nos dois primeiros anos de trabalho com a lavoura de eucalipto. "Nesse período você mexe com a terra, tem de preparar a terra, plantar e depois continuar limpando a área, depois você fica com a terra parada", explica Gobor, que mantém em seu sítio a criação de carneiros e peixes, além de preparar e vender mudas de erva-mate e eucalipto.
Os eucaliptos plantados, embora ainda estejam jovens, já podem ser cortados para serem aproveitados como lenha, mas os primos vão esperar. "Demora uns 8 a 10 anos para colher a produção, aí vamos ver se vendemos para a indústria ou para as serrarias", aponta Demczuk. A silvicultura é tida como uma "poupança verde" porque o lucro só aparece após uma década. "Parece ser um bom negócio. Se der certo, vamos continuar plantando eucalipto", afirma Gobor. (MGS)
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