A prisão de um rapaz de 18 anos, acusado de envolvimento direto no assassinato de três pessoas no bairro Caximba, em Curitiba, revelou um esquema de venda irregular de terrenos e casebres na localidade. Segundo a polícia, um grupo apontado como a "máfia dos loteamentos" expulsava moradores de residências e revendia ilegalmente os imóveis a outras pessoas.
De acordo com as investigações, a atividade está na raiz da motivação dos assassinatos. "Esse grupo agia como uma espécie de xerife da área. Eles dominaram o bairro, principalmente com o objetivo de negociar esses lotes", explicou o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos, da Delegacia de Homicídios (DH).
As investigações começaram em agosto, após o assassinato de um morador de rua identificado apenas como Maringá. Posteriormente, foram assassinados Admilson Carraro Vieira da Silva, de 29 anos, e o pai dele, Amaro Vieira da Silva, de 70 anos. Segundo o delegado, todas as mortes obedeceram a mesma dinâmica: as vítimas foram mortas a golpes de faca, com requintes de crueldade.
"Depois de morto, Maringá teve o corpo jogado em um córrego. Admilson foi enterrado em uma cova rasa, atrás de uma mercearia. Amaro teve o órgão genital decepado e colocado na boca", exemplificou o delegado.
A partir das investigações, a polícia chegou a Ariel Fernandes da Silva, de 18 anos. Ele foi preso em Antonina, no litoral do estado, para onde havia fugido. "Pelas informações que levantamos, desde o fim de setembro, o acusado estava em Antonina", afirmou Quintas dos Santos.
De acordo com o delegado, Fernandes da Silva integrava a máfia dos loteamentos. O grupo seria encabeçado por Samuel Muniz dos Reis, de 27 anos. Este seria o responsável por articular a expulsão de moradores das residências e de negociar os lotes. "Reis foi assassinado em 29 de outubro, em uma tocaia. Os assassinos o atraíram até uma área isolada e o mataram", disse o delegado.
Amigo
Em apresentação realizada nesta terça-feira (29), Fernandes da Silva assumiu que era "amigo" de Reis e atribuiu a ele os assassinatos. "Ele contava para todo mundo que tinha matado", disse. Segundo o rapaz, a morte de Amaro ocorreu de maneira cruel porque o idoso seria pedófilo.
Depois da morte de Reis, os assassinatos teriam parado de ocorrer. Segundo a polícia, entretanto, novos grupos voltaram a se enfrentar, disputando o controle do esquema de venda de loteamentos clandestinos no bairro. O delegado informou que as investigações continuam, mas a polícia não pode detalhar os trabalhos para não prejudicar os resultados.
Fernandes da Silva teve a prisão temporária decretada. Ele foi indiciado pela Polícia Civil pelas mortes de Admilson e Amaro. Como o acusado era menor de idade quando a morte de Maringá ocorreu, ele responderá pelo ato infracional junto à Vara da Infância e Juventude.
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