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Manifestantes

Jovens presos negam ações de vandalismo

Embora a defesa ainda não tenha tido acesso às imagens que comprovariam a participação dos manifestantes nas depredações, os jovens detidos afirmam que não tiveram envolvimento nas ações.

Rodrigo*, 19 anos, é estudante de Direito em uma universidade particular. Ele conta que acompanhava a manifestação de segunda a distância. De acordo com Rodrigo, quando a viatura da Rotam o abordou, com mais três amigos, o grupo já estava longe dos manifestantes. "Fiquei com a sensação de que seríamos o exemplo para os outros. Quando fui prestar depoimento, por volta das 4 horas da manhã, a delegada já estava com a papelada da prisão preventiva pronta", diz. Segundo ele, o vandalismo prejudica o movimento e reduz o número de participantes.

Juliano*, 20 anos, estuda Filosofia em uma universidade pública. Apesar de afirmar que milita sem vínculo com nenhum grupo de protesto – "Anonymous é uma ideia e black bloc é uma tática, não são grupos", explica –, na segunda-feira foi um dos convocados a depor na Polícia Federal sobre envolvimento com grupos organizados. Ele foi abordado pela Rotam junto com Rodrigo. "Alguns policiais nos diziam que iam nos colocar em celas com mais de 20 presos; que não seríamos liberados", conta.

* Nomes fictícios

No dia da partida entre Espanha e Austrália, ontem, em Curitiba, não houve registro de depredações na cidade – diferentemente do que ocorreu no dia 16 (segunda-feira), quando 11 pessoas foram detidas durante ato contra a Copa do Mundo que terminou com danos a três agências bancárias. Liberados na noite de quarta-feira (18), após 48 horas presos no 1.º Distrito Policial, os manifestantes permanecerão em liberdade provisória até o julgamento. A Polícia Civil dispõe de um prazo de 30 dias para concluir as investigações e encaminhar o inquérito à promotoria, que deverá denunciar os envolvidos por dano ao patrimônio público e privado.

De acordo com o advogado Thiago Marciano de Andrade, representante de um dos manifestantes, houve ilegalidade na manutenção da prisão, porque a autoridade policial tem competência para arbitrar fiança nos casos em que se prevê pena máxima de quatro anos para o delito – caso de dano ao patrimônio. "Para permanecer preso, deveria haver comprovação de associação para a ação criminosa", explicou.

A Defensoria Pública, que assumiu a defesa da maioria dos manifestantes, também alegou inexistência de motivos para sustentar a prisão preventiva e ilegalidade na prisão em flagrante. Em declarações à imprensa, a delegada responsável pela autuação, Mônica Meister, afirmou que optou por não arbitrar fiança por entender que a liberação dos detidos representava risco à população.

Por meio de nota, o Centro Integrado de Controle e Comando Regional (CICCR) negou que as prisões tenham a intenção de reprimir novas manifestações e disse que, ao contrário, visam a garantir a continuidade pacífica dos atos. O CICCR reforçou que a participação dos detidos nas depredações é evidente e comprovada por meio de filmagens que serão encaminhadas para análise do Poder Judiciário.

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