Não foi só o Planalto. Também o Congresso se impressionou com a reação indignada e coesa das Forças Armadas diante da quebra de hierarquia no episódio do acordo firmado pelo governo para suspender a greve dos controladores de vôo. Em jantar anteontem na casa do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), líderes de partidos da situação e da oposição fecharam um diagnóstico ouvido também em gabinetes do Executivo: o risco de uma crise militar sem precedentes desde a redemocratização, somado à escalada de ameaças dos controladores e à perda de confiança da população no serviço, vai retardar o processo de desmilitarização do controle do tráfego aéreo.

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Isolados – Antes da encrenca de sexta-feira e da reação das Forças Armadas, boa parte do governo jogava ao lado dos controladores e contra a FAB na defesa da desmilitarização. Ao menos por ora, o Planalto foi obrigado a se recolher. Pão e água – De volta ao manejo dos controladores, o comando da Aeronáutica não faz por menos. Além da punição da Justiça Militar, quer do governo a garantia de que os amotinados não serão aproveitados na secretaria civil que, em tese, passará a fazer o controle do tráfego aéreo. Volver – Assustado com o desenrolar da crise, um controlador procurou um parlamentar. Queria saber se, passando a responder a órgão civil, perderia aposentadoria integral, casa e plano de saúde. Diante de resposta afirmativa, disse que não sabe mais se quer ser "desmilitarizado". Alerta máximo – O governo subiu pelas paredes anteontem ao descobrir que o líder da minoria, Júlio Redecker (PSDB-RS), participava do almoço do comandante da FAB, Juniti Saito, com Arlindo Chinaglia. Choveram telefonemas do Planalto para o presidente da Câmara.

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Oh, vida... – Na reunião de ontem com os presidentes e líderes de partidos que integram seu Conselho Político, Lula se queixou do desenrolar dos acontecimentos da confusão aérea. "Veio tudo para o meu colo", lamentou.

Quem diria 1 – Está agendada para hoje a audiência de Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) no Palácio do Planalto. O senador pretende agradecer a Lula, de quem até recentemente falava cobras e lagartos, a visita que o presidente lhe fez quando esteve hospitalizado em São Paulo. Quem diria 2 – Em visita a Salvador ontem para tratar do projeto de transposição do São Francisco, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) foi tratado a pão-de-ló pela bancada de seu arquiinimigo ACM na Assembléia Legislativa baiana. Testados – Marta Suplicy levará para o Ministério do Turismo dois quadros que ocuparam chefias de gabinete em secretarias paulistanas na época em que a petista foi prefeita da capital. Luiz Barreto deve ficar com a secretaria-executiva da pasta. Roberto Garibe será assessor especial. Pires na mão – Atolada em grave crise financeira, Yeda Crusius (PSDB) baterá à porta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na semana que vem. A governadora do Rio Grande do Sul está em busca de aval do Tesouro para renegociar dívidas do estado com o Banco Mundial e obter novos empréstimos. Barba e cabelo – Governistas concluíram a operação anti-CPI na Assembléia Legislativa paulista. Isolaram a oposição no pedido de apuração do acidente do Metrô, operaram para retirar assinaturas da investigação de desvios de ONGs do sistema carcerário e correram para protocolar dez comissões de seu interesse. Assim, qualquer novo pedido dos adversários irá para o fim da fila.

TIROTEIO

* Do deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) sobre a discussão das siglas governistas a respeito de como dividir os cargos da máquina federal.

– Para o governo, não importa se os ministérios serão entregues com "porteira aberta ou fechada", já que o real objetivo do presidente Lula é "confinar" seu rebanho de aliados.

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