Estações-tubo do Terminal do Cabral continuam em manutenção. Portas precisam da ajuda de passageiros para abrir| Foto: Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Inclusão

Entorno não prioriza acesso de cadeirantes

Portadores de necessidades especiais sofrem com a falta de acessibilidade do Terminal do Cabral, que carece de equipamentos adequados a esse público no seu entorno. A situação torna-se mais preocupante pelo fato de haver nas proximidades o Centro Hospitalar de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier e a Associação Paranaense de Reabilitação (APR).

Ontem, o cadeirante Hidelbrando Pereira e a mulher esperaram longos minutos para atravessar uma faixa de pedestres. Assim como eles, uma mãe com um menino especial no colo só conseguiu entrar no Terminal do Cabral depois que um carro da Diretoria de Trânsito (Diretran) fez parar o fluxo de veículos.

A professora Claudia Denise Jorge Izidoro, da APR, conta que esse tipo de situação é comum. "O pessoal da engenharia não pensa na funcionalidade dos equipamentos instalados", acredita. Na opinião dela, a faixa horizontal e as placas de "Pare" não funcionam para quem chega ao terminal pela Avenida dos Funcionários. Já a terapeuta ocupacional Maria de Fátima de Oliveira, 45 anos, sugere que seja instalado um semáforo no local. Ela reclama do tempo e da dificuldade para entrar no local.

Diante do problema, a Urbanização de Curitiba (Urbs) afirma que está em estudo a colocação de uma faixa elevada de pedestres ou a instalação de redutores de velocidade. (AP)

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O cadeirante Hildebrando Pereira depende da esposa para chegar ao terminal
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Apesar de ter passado por reformas recentemente, o Terminal do Cabral, em Curitiba, ainda não está 100% pronto para os usuários. Nem mesmo a aprovação da obra pela Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu), responsáveis pela reforma, foi suficiente para agradar àqueles que usam o terminal diariamente. Entre as principais reclamações estão problemas na abertura das portas de estações-tubo e a dificuldade de fluxo de centenas de pessoas pela estreita escada de acesso à trincheira do terminal.Segundo o supervisor das Obras do Programa de Integração do Transporte (PIT), Haroldo Eustá­­quio da Silva, a reforma do terminal seguiu o planejamento do Instituto de Pesquisa e Planeja­­mento Urbano de Curitiba (Ippuc) e todas as obras foram vistoriadas continuamente pela Comec e pela Urbanização de Curitiba (Urbs). "O Terminal do Cabral, que passou por um ano de obras. Nunca deixou de funcionar. Não houve prejuízo para a população", afirma. Entretanto, até o momento, a Urbs não recebeu a obra oficialmente devido à falta de ajustes no contrato, que não foram informados. Já para o diretor de transportes da Comec, Carlos do Rego Almeida Filho, o prazo de 120 dias para a aceitação da reforma está sendo cumprido.

Problemas

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Para os passageiros que usam o terminal diariamente, a reforma, que deveria significar avanços, não supriu todas as necessidades. Em manutenção, as portas das estações-tubo ainda não abrem sozinhas e, às vezes, preci­­sam de uma mãozinha para que os passageiros possam passar.

As novas escadas da trincheira também são alvo de reclamações. Para o pintor Josiel Matos da Silva, o acesso ao outro lado do terminal é quase impossível. "Tem dias em que é preciso parar e esperar porque senão a gente é levado em frente igual a bicho", reclama. Também falta rampa de acesso à trincheira para os cadeirantes."Poderia ter sido pensando nesse problema durante a obra, mas procurou-se seguir o padrão da existente, que foi reformada", admite o supervisor do PIT, que considera impossível ampliar a escada.

Sílvia Rocha, 42 anos, usa muletas e sente dificuldades em dias de chuva. Sem poder usar a passagem subterrânea, ela precisa atravessar a pista descoberta do ônibus. "Minha sugestão era construir um toldo que possibilitasse o acesso para o outro lado". De acordo com Eustáquio da Silva, esse tipo de adaptação não era previsto no projeto. "Realizamos as obras dentro de um estudo do Ippuc", justifica.

Além disso, no entorno do terminal, também há a reclamação quanto à falta de iluminação pública.

Capacidade

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A reforma do Terminal do Cabral foi entregue simbolicamente em dezembro do ano passado com o dobro do espaço existente – de 1,5 mil metros quadrados para 2,9 mil – para atender 70 mil passageiros diariamente. As obras haviam começado em 2009 e foram custeadas pelo governo estadual como sinal de integração com o Terminal de Guarai­­tuba, em Colombo. No total, foram gastos cerca de R$ 4 milhões. Dentre as mudanças estão a ampliação em 23 metros da passagem subterrânea, a construção e a reforma de ba­­nheiros, a instalação de rampas nas plataformas, a ampliação de quatro estações-tubo e a construção de outras duas.