Procissão na capital terá tapete de 1,5 km

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Teve gente que ficou o ano inteiro juntando tampinhas de garrafa e outros materiais que poderiam ser usados para decorar as ruas de Curitiba neste dia de Corpus Christi. O resultado de um trabalho pensado a longo prazo reflete hoje no tapete estendido pelas ruas da capital, que recebeu cinco toneladas de materiais, entre serragem, pó de café usado, farinha, ramos, flores, pedras e o que a imaginação permitir.

O trabalho suado dos artistas de Deus começou ainda de madrugada e, às 6 horas de hoje, eles foram às ruas para dar vida ao tapete de 1,5 quilômetro. Ao todo, 92 comunidades participariam da confecção. Os da Paróquia São Martinho de Lima, no Cajuru, dispensaram a serragem e vão usar roupas doadas à igreja. Os agasalhos devem forrar o chão para a passagem do corpo de Jesus e depois serão entregues a pessoas carentes. Todo o material usado para fazer o tapete de cada procissão é armazenado na casa dos fiéis envolvidos, bem como em instituições católicas e paróquias.

A procissão está marcada para as 15 horas, com saída da Catedral Basílica, na Praça Tiradentes. O tema central dos desenhos é a Eucaristia e a celebração a Cristo, mas vai ter até a fachada de uma universidade, que estará voltada ao Santíssimo Sacramento. O tapete no centro de Curitiba ficará exposto das 12 às 15 horas.

Cerimônias parecidas acontecerão em várias cidades do estado. Na Lapa, a tradição já tem 80 anos. Nesse ano, o tapete terá 2 quilômetros e uma surpresa: parte dele será feito de material reciclado, outra com serragem e um terceiro pedaço com obras de arte produzidas por pessoas em tratamento contra a dependência de drogas. Depois da procissão, que começa às 15 horas, os fiéis poderão levar os objetos para casa como uma recordação do evento. "A Lapa é uma das cidades mais católicas do Paraná e, por isso, sempre tentamos inovar a cada ano", afirma o diretor de turismo do município, Márcio Assad. São esperadas 35 mil pessoas na missa e na procissão.

Significado

"A confecção dos tapetes é uma expressão, sobretudo, de carinho com a Santíssima Eucaristia. Não tem caráter de penitência ou pagamento de promessas. É uma manifestação popular de adoração a Cristo", afirma o padre Gilson Camargo, professor de teologia.

A passagem pelo tapete tem um significado especial. O ostensório, que armazena o corpo de Cristo na hóstia, é carregado pelo padre ou arcebispo. É a única pessoa que passa por cima do tapete, como se fosse uma representação de que Jesus andaria por ali e seria recebido com um belo tapete na cidade. "É também uma evocação bíblica, que narra Jesus entrando em Jerusalém e o povo colocando ramos de oliveira para que ele passasse por cima", conta o padre Clodovis Boff, professor de Teologia da Pontifícia Universi­dade Católica do Paraná.