Procurador de MG criticou Moraes durante posse de Jarbas Soares Júnior| Foto: Reprodução
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Durante cerimônia na última segunda-feira (12), o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Darcy de Souza Filho, pediu "o resgate do império da lei e da ordem democrática vilipendiada e atropelada pelo ditador de Brasília". Apesar de não citar nomes, a crítica é direcionada a medidas adotadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que atropelam as funções do Ministério Público descritas na legislação brasileira.

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"Todavia, surge uma pergunta que não quer calar, o que o Ministério Público mineiro espera de Vossa Excelência? (...) Que Vossa Excelência resgate, primeiro, o império da lei e da ordem democrática vilipendiada e atropelada pelo ditador de Brasília. E que Vossa Excelência restabeleça o orgulho de ser promotor de justiça e faça prevalecer as nobres e fundamentais prerrogativas do Ministério Público no processo acusatório usurpadas pela autoridade apontada", disse Souza Filho, durante o ato de posse de Jarbas Soares Júnior, também como procurador-geral de Justiça de Minas Gerais.

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A manifestação do procurador é uma resposta a decisões de Moraes que ferem as prerrogativas do MPF previstas em lei complementar à Constituição. Moraes iniciou uma série de investigações, sem o parecer do MPF, e negou diversos pedidos de arquivamento desses mesmos inquéritos feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro também não intimou o procurador-geral da República para se manifestar antes de aplicar medidas contra cidadãos, procedimento também previsto na legislação.

Em entrevista à Gazeta do Povo, em setembro, Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), disse que essas determinações de Moraes ferem o sistema acusatório, o amplo direito de defesa e o devido processo legal, como ocorria na época da Inquisição. "Ele [Moraes] está ignorando o sistema acusatório. Está nos levando de volta ao sistema anterior ao acusatório, que era chamado de sistema da inquisição. O juiz inquisidor era o único sujeito do processo. Ele investigava, ele acusava, ele processava e ele julgava. A ideia do sistema acusatório é separar essas funções. Tudo isso existe para quê? A pessoa está correndo o risco de ir para a cadeia. O sistema acusatório foi criado para preservar a neutralidade do juiz", afirmou.