Rio de Janeiro - Depois de oito dias foragida, a procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes, 66 anos, se apresentou ontem à Justiça do Rio. Ela é acusada de torturar uma menina de 2 anos, que estava sob sua guarda para adoção, e teve a prisão decretada no dia 5 deste mês pela 32.ª Vara Criminal do Rio. Vera Lúcia chorou ao ouvir o juiz Guilherme Duarte ler os autos do processo em que é acusada.
De turbante e óculos escuros, a procuradora chegou ao Tribunal de Justiça, no centro do Rio, por volta das 12 horas. Ela se assustou com repórteres e curiosos que a acompanharam pelos corredores do Fórum. "Não precisa atropelar", disse. Acompanhada de dois advogados, foi ao gabinete do juiz. Segundo o magistrado, ela disse apenas que quer apresentar sua defesa o prazo é de dez dias.
Ao deixar o fórum, Vera Lúcia foi hostilizada por pessoas do lado de fora. Após passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, foi encaminhada para o presídio Nelson Hungria, no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu. Por ter curso superior, ela ocupa uma cela especial em Bangu 8. Antes de ser levada para o presídio, que tem capacidade para 432 presas, Vera Lúcia pediu ao seu advogado para comprar roupa de cama e banho e acessórios de higiene. "Cadê as minhas sacolas, por favor, peguem as minhas sacolas com as minhas coisas", pediu, já dentro do camburão.
A defesa pediu ontem a revogação da detenção, mas a Justiça negou. Na segunda-feira, a Justiça do Rio negou liminar que pedia liberdade provisória. O advogado de Vera Lúcia, Jair Leite Pereira, disse que vai recorrer da decisão. Caso a liberdade seja negada, vai ingressar com pedido de prisão domiciliar. Vera Lúcia mora em um amplo apartamento, na quadra da praia, em Ipanema, zona sul. "Ela tem 66 anos e só poderia gozar deste benefício aos 70, mas as circunstâncias da prisão e toda a comoção gerada me faz pedir a prisão domiciliar, mesmo assim", afirmou.
Foragida
De acordo com Jair Leite, durante o tempo em que esteve foragida a procuradora se hospedou na casa de amigos, no Recreio dos Bandeirantes, na zona Oeste do Rio. "Ela ainda tinha esperança de ter a prisão revogada", disse o advogado. Ele afirmou que vai recorrer da decisão de ontem, que manteve sua cliente presa.
A menina de 2 anos que Vera Lúcia é acusada de ter agredido e torturado está em um abrigo, sob os cuidados de psicólogos e terapeutas. Ela ficará no local até ser submetida a novo processo de adoção. As agressões vieram à tona a partir de denúncias de empregadas da procuradora. Encontrada por funcionários do Conselho Tutelar com hematomas no rosto e na cabeça, a menina teve de ser levada para o hospital.
Doze pessoas foram ouvidas no inquérito. Ex-empregadas domésticas da procuradora que relatam as agressões sofridas pela menina, entre elas, o dia em que Vera Lúcia Gomes a agrediu e depois bateu a cabeça da criança com força numa mesa de mármore. Fotos anexadas à denúncia do Ministério Público mostram a criança com olhos roxos e inchados.
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