São Paulo O primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, disse ontem na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiep) que o acordo para o desenvolvimento de um projeto de cooperação à produção de álcool (etanol) de cana-de-açúcar em países africanos deve ser assinado hoje, durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília.
O governo italiano e o setor privado brasileiro também discutem investir US$ 480 milhões na construção de quatro fábricas de biodiesel em quatro anos no Brasil. O biocombustível produzido por essas novas fábricas serão comprados pela AGIP, First American Petroleum, Petrobrás e Europe Oil.
Prodi afirmou que a sua visita ao Brasil deve motivar a ampliação das relações comerciais entre os países. "É um novo capítulo no aspecto qualitativo, porque o Brasil é diferente do que era há dez anos. Os investimentos da Itália no Brasil atualmente são iguais ao de países cem vezes menores que o Brasil."
O primeiro-ministro ressaltou ainda, em relação aos biocombustíveis, que o Brasil está anos à frente de outros países. "Estudamos uma proposta na União Européia para que todos os países tenham um porcentual de energia renovável. Ou seja, que haja uma mudança em toda a estrutura produtiva", disse Prodi, sobre a possibilidade de parceria nos biocombustíveis.
Ele destacou ainda que o governo italiano vê o país como um grande parceiro comercial. "O Brasil não é mais um espectador do comércio mundial, mas sim um participante", afirmou.
Negociações
As negociações ocorreram ontem no Rio entre a Ente Nazionale Idrocarburi (ENI), a Petrobrás e representantes do setor privado brasileiro, para a criação da joint-venture ítalo-brasileira na África.
Prodi citou ainda a determinação do Conselho da União Européia de que os países membros utilizem até 20% de energia renovável. "Vamos proceder de forma natural, mas estamos acompanhando a tecnologia desenvolvida pelo Brasil no que se refere aos biocombustíveis."
A comitiva do governo italiano também deverá analisar alternativas para instalar bancos italianos na América do Sul, cuja ausência é considerada um "desgosto" para Prodi.
No encontro de hoje, Lula e Prodi terão a oportunidade de tentar reverter alguns indicadores da relação comercial Brasil-Itália. Atualmente, o país perde para França e Alemanha entre os principais parceiros europeus do Brasil.
Segundo o governo italiano, as exportações da Itália ao Brasil registraram um crescimento de 9,8% em 2006 em relação ao ano anterior, totalizando 2,2 bilhões de euros. No mesmo período, as importações do Brasil aumentaram 19,7%, 3,4 bilhões de euros.