Edinei Mendes e Valdeci Costa compram ostras e mariscos em Guaraqueçaba para revender| Foto: Oswaldo Eustáquio/Gazeta do Povo

Polêmica

Ministério quer revogar proibição à pesca com redes

O ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes, disse ontem que o governo federal buscará a revogação da resolução emitida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), que proíbe a pesca com redes e tarrafas em lagos, reservatórios e represas do Paraná.

A partir do documento, assinado no fim de março, só é permitida a pesca com o uso de linha de mão, caniço simples, isca natural ou artificial, nas modalidades de arremesso e corrico – com o barco em movimento, com o motor ligado. Produtores da região Norte chegaram a protestar ontem contra a resolução, durante a visita do ministro à ExpoLondrina.

Segundo Lopes, a medida afetou pescadores que dependem da atividade para viver e não deve ser mantida. "Eu fui informado a respeito e houve claramente extrapolação de função. O secretário não poderia fazer isso porque estamos falando de rio federal. Vamos conseguir que a resolução seja revogada, se não, buscar meios na Justiça para isso."

De acordo com a Sema, a proibição se estende apenas a áreas de competência estadual. O objetivo é preservar a piscosidade das águas, devido à falta de fiscalização e de cumprimento da instrução normativa do Ibama número 26, que, desde 2009, já estabelece critérios para a pesca em rios, lagos e reservatórios do Paraná.

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A concorrência para operação de áreas aquícolas do Paraná, com capacidade de produção de até 3,4 mil toneladas ao ano de peixes e ostras, foi lançada ontem, em Londrina, no Norte do estado, pelo ministro da Pesca e Aquicultura, Eduardo Lopes. Foram abertos três editais para a licitação de criatórios. Dois deles correspondem a parques aquícolas e águas pertencentes à União. O outro se refere a licitações de áreas em reservatórios de hidrelétricas e ambientes marinhos no Paraná, Goiás, Pernambuco, Rio e São Paulo.

No Paraná, três das áreas a serem licitadas estão nos lagos das hidrelétricas de Canoas 1, entre Itambaracá (PR) e Cândido Mota (SP); de Capivara, entre Porecatu (PR) e Taciba (SP); e de Taquaraçu, em Santo Inácio (PR). Os lotes já contam com licenciamento ambiental e somam 7 hectares. As áreas restantes ficam em Guaraqueçaba e na baía de Laranjeiras, no Litoral do estado.

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Segundo Lopes, as áreas continentais no Paraná terão capacidade de produção de 1,8 mil toneladas de tilápia ao ano e devem ser concedidas para até 18 produtores por meio de licitação onerosa. Vence quem der o lance maior e comprovar qualificação técnica. A concessão será de até 20 anos.

No Litoral, a perspectiva de produção é de 1,6 mil toneladas de ostra nativa ao ano, em 39,9 hectares. Ao todo, serão atendidos 194 produtores, sendo 108 no modelo não oneroso, sem necessidade de desembolso de valores. A medida deve beneficiar assistidos pelo Bolsa Família, participantes de atividades de economia solidária, cooperativas, treinamentos de piscicultura e inscritos em projetos de inclusão social.

Ainda segundo o Mi­nis­tério da Pesca e Aquicultura (MPA), as concessões atendem à demanda espontânea dos produtores e são uma forma de legalizar a atividade. Os contratos terão vigência de 20 anos, prorrogáveis por igual período caso haja aditivo.

A abertura das propostas para as concessões onerosas e não onerosas está prevista para ocorrer no mês que vem. Outras áreas estão em estudo para a abertura de novas licitações.

Segundo Eduardo Lopes, o governo federal também investirá em ações para facilitar o crédito do Plano Safra aos produtores que serão atendidos pelas concessões. Hoje, de R$ 4,1 bilhões do programa destinados à atividade, apenas R$ 700 milhões chegaram aos produtores. "Eles precisam ter acesso ao crédito. Vamos buscar destravar isso."

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Litoral

Comunidades caiçaras vão ganhar parque marinho

Oswaldo Eustáquio, correspondente

O Litoral do Paraná vai ganhar três parques marinhos que permitirá o cultivo de mariscos e ostras (maricultura) por comunidades tradicionais em Paranaguá, Guaraqueçaba e Guaratuba. Na prática, o morador ribeirinho que tiver interesse poderá retirar o seu sustento usando uma área da União por até 20 anos. Para o mestre em Recursos Pesqueiros e engenheiro de Pesca do Instituto Ambiental do Paraná, Taciano Maranhão, esta é uma atividade vantajosa que vai agregar valor ao produto cultivado, além de reduzir a pesca extrativista.

Segundo o superintendente do Ministério da Pesca e Aquicultura no Paraná, José Antonio Faria de Brito, com essa parceria o Paraná avança para as primeiras colocações no setor produtivo da maricultura. Esses parques são administrados pelo MPA, que, por cessão de uso dos espaços físicos, possibilitará o cultivo aos moradores tradicionais, mudança que contribuirá para a diminuição da exploração predatória e extrações desordenadas desses animais na região, evitando assim a sobrepesca.

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Licenças

As áreas, que já receberam as licenças ambientais atenderão a cerca de 300 famílias tradicionais que vivem da pesca e do extrativismo nesses municípios. De acordo com Maranhão, os espaços não vão causar dano visual. "Os parques serão sistematizados, ficam submersos. São boias e não vão causar efeito negativo", afirma. Ainda segundo Maranhão, os parques vão ficar em áreas estuarinas, ou seja, em regiões de encontro entre mar e rio. Em Paranaguá, de acordo com o IAP, o parque vai ficar na região da vila de São Miguel. Em Guaraqueçaba, ficará quase em frente à vila de moradores, e em Guaratuba, estará próximo ao Parque de Saint Hillaire.