Produtores rurais promovem em rodovias de vários estados na manhã desta sexta-feira (14) um protesto contra demarcações de terras indígenas. Em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, já há bloqueios do trânsito em estradas, de acordo com os organizadores.
Em Santa Catarina, uma manifestação em uma rodovia estadual ocorre na cidade de Abelardo Luz (oeste do Estado), que concentra comunidades indígenas.
No Rio Grande do Sul, a situação é tensa na cidade de Mato Castelhano (norte gaúcho). Produtores rurais bloqueiam a BR-285 no município em um ponto que fica a 1 km de um acampamento indígena. Os índios da região fecharam a mesma estrada por dois dias na semana passada.
Hoje, os agricultores levaram tratores e máquinas agrícolas para o local e promovem uma panfletagem.
Em Minas, um bloqueio parcial de estrada ocorre na cidade de Martinho Campos (região central do estado).
O dia de protesto pelo país foi convocado por deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária e por federações da agricultura. Só em Santa Catarina, são previstos sete pontos de bloqueios.
As manifestações, segundo a Frente, vão ocorrer em nove estados. A maior delas deve ser em Mato Grosso do Sul, centro de um conflito no qual um índio terena foi morto há duas semanas.
Reivindicação
Uma das reivindicações é o pagamento de indenização a proprietários afetados pela criação de terras indígenas.
O líder da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), nega que a mobilização possa contribuir para elevar a tensão entre índios e fazendeiros - diz que quer apenas chamar a atenção para a causa. "Estamos recomendando todo o cuidado."
A bancada ruralista, que diz contar com o apoio de metade do Congresso, vem elevando o tom contra a política indigenista no país e liderou iniciativas como o pedido de uma CPI da Funai (Fundação Nacional do Índio) e a proposta que transfere do governo para o Congresso a homologação de novas terras indígenas no país.
Demarcação
Principal motivo de desavença entre índios e produtores rurais, ainda há ao menos 196 terras indígenas a serem demarcadas pelo governo federal no país.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), 81 terras -que juntas equivalem a área de dois estados de Sergipe precisam apenas ser homologadas pela presidente Dilma Rousseff.
A homologação, uma das últimas etapas para reconhecer que uma área pertence aos índios, é atribuição exclusiva do presidente e ocorre depois que a Funai e o Ministério da Justiça demarcam e delimitam a terra.
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